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Integração entre as Marinhas de Guerra e Mercante - solução para orçamento reduzido?


Figura disponível em https://www.maritimemanual.com/difference-between-merchant-navy-and-defence-navy/

Ao analisarmos, com uma abordagem holística, os nossos artigos constantes na Seção Poder Naval do Blog, acessível em https://www.atitoxavier.com/my-blog/categories/poder-naval, dos quais destacamos e recomendamos a releitura: "Antiacesso e Negação de Área - A2/AD - importância para a nossa fronteira oriental. Parte III", "Como planejar uma Marinha de Guerra? Tema para reflexão da sociedade. Parte II: Brasil", "Como planejar uma Marinha de Guerra? Tema para reflexão da sociedade. Parte III", "A Regra dos Três serve para o nosso Poder Naval?", e "A importância da Marinha Mercante para a Segurança Nacional - como estamos?", em conjunto com a atual situação do apoio logístico móvel da Marinha do Brasil, que possui somente um Navio Tanque, conforme pode ser verificado em https://www.marinha.mil.br/navio-tanque e https://www.marinha.mil.br/estrutura-organizacional, podemos concluir que o Poder Naval brasileiro possui uma grande vulnerabilidade para operar em Teatros de Operações distantes do país, por períodos de tempo superiores a 15 dias, comprometendo, assim, a capacidade de permanência, principalmente em situações de crise ou de conflito, prejudicando a capacidade de projeção de poder.

Convém mencionar que em caso de conflito com uma força naval oponente, os Navios Tanques são, geralmente, objetivos militares prioritários, em virtude da sua importância no apoio logístico móvel, podendo inviabilizar a operação naval da força se forem neutralizados ou afundados. Ademais, eles acabam, também, por ser uma vulnerabilidade para o seu Grupo-Tarefa - GT tanto devido a sua menor velocidade quanto durante a realização de reabastecimento dos navios no mar, em que o GT fica mais exposto ao ataque oponente.

Logo, possuir somente um Navio Tanque é uma séria fragilidade do nosso Poder Naval, ainda mais quando analisamos a Regra dos Três, que abordamos em um dos nossos artigos mencionados acima.

Não podemos esquecer que devido a legislação ambiental, cada vez mais restritiva, os Navios Tanques têm que cumprir com vários requisitos de segurança para evitar um acidente ambiental, principalmente quando falamos de meio militar, como casco duplo etc, o que faz com que possua um preço elevado, se tornando um desafio para as Marinhas que possuem orçamento reduzido, como o nosso. Cabe relembrar que no artigo "Como planejar uma Marinha de Guerra? Tema para reflexão da sociedade. Parte II: Brasil", falamos que até 2028 é previsto que haja uma redução (baixa) de 40% dos meios da Marinha do Brasil, o que potencializará a fragilidade do Poder Naval.

Nesse sentido, conforme observamos, dentre várias análises realizadas, no artigo "A importância da Marinha Mercante para a Segurança Nacional - como estamos?", a Marinha Mercante contribui no esforço de guerra, no caso de uma mobilização nacional, sendo extremamente importante num país como nosso com uma costa imensa e com estruturas rodoviária e ferroviária deficientes.

Portanto, em nossa visão, a Marinha Mercante poderá se constituir numa possível solução para a atual vulnerabilidade da Marinha do Brasil, no tocante ao apoio logístico móvel.

Ao se realizar, por exemplo, uma parceria estratégica entre a Marinha do Brasil e a empresa Petrobrás, aquela empresa poderia ceder, por meio de contrato, Navios Tanques, a fim de prover o apoio logístico móvel a nossa Força Naval. Tais navios poderiam operar fora da Área de Operações, com uma devida proteção, encontrando o GT, em pontos pré-determinados, e realizando o reabastecimento no mar, mitigando a vulnerabilidade da nossa força.

Nesse contexto, poderíamos ter algo similar, com as nossas particularidades, com o que a marinha estadunidense - US Navy realiza, por meio do Military Sealift Command - MSC, cuja missão é apoiar logisticamente o poder combatente, como podermos ver abaixo:


"Military Sealift Command exists to support the joint warfighter across the full spectrum of military operations. MSC delivers agile logistics, strategic sealift, as well as specialized missions anywhere in the world, under any conditions, 24/7, 365 days a year." (fonte: https://www.msc.usff.navy.mil/About-Us/Mission/).


Ao analisarmos os custos envolvidos, o emprego de um Navio Tanque de uma empresa brasileira, seria mais barato para a Marinha do Brasil, pois não haveria encargos com: a manutenção, as adaptações do navio com as exigências proporcionadas pelas leis ambientais e o pagamento de pessoal. Conforme experiência pessoal, durante dois anos na US Navy, isso foi verificado in loco quando em conversas tanto com militares dessa marinha quanto com os civis dos navios de apoio.

No tocante a um possível conflito, não podemos esquecer a tradição aguerrida e valente das tripulações mercantes brasileiras durante a II Guerra Mundial, o que a nosso ver não seria um obstáculo.

Outro dado interessante, é que no passado a Marinha do Brasil realizava exercícios de reabastecimento no mar com Navios Petroleiros brasileiros, visando adestrar tal tarefa por ocasião de uma mobilização nacional.

Assim, com base no exposto, acreditamos que é fundamental que seja estudado pelos Poder Político e o nível estratégico brasileiros a possibilidade de realização de uma parceria estratégica entre a Marinha do Brasil e a Petrobrás, com o intuito de prover ao nosso Poder Naval uma boa capacidade de sustentação ao combate, porque nunca sabemos quando um conflito acontecerá, mas que nos impõe o dever de sempre estarmos preparados para essa possibilidade.

Outrossim, a integração do setor de Defesa com a Marinha Mercante poderá fornecer uma gama de possibilidades de apoio logístico as Forças Armadas, não só com a Marinha do Brasil, dinamizando a indústria de construção naval brasileira.

O Blog é de opinião que devemos estudar e levar com seriedade tal vulnerabilidade, porque, com toda certeza, levará tempo tanto para estabelecer a parceria estratégica quanto para proporcionar uma eficaz interoperabilidade entre as Marinhas de Guerra e Mercante, como temos defendido.

Qual a sua opinião?

Seguem alguns vídeos para auxiliar a nossa análise. Recomendamos que assistam aos vídeos para poderem entender as possibilidades da parceria com a Marinha Mercante:

Matéria de 21/12/2022:

Matéria de 14/03/2016:



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