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Como planejar uma Marinha de Guerra? Tema para reflexão da sociedade. Parte III.


Figura disponível em https://www.cbo.gov/sites/default/files/styles/480/public/2018-10/54564-home-cover.jpg?itok=nX_l2j7Y

O Blog vem discutindo, em seus artigos constantes na sua Seção Poder Naval, disponível em https://www.atitoxavier.com/my-blog/categories/poder-naval, como deve-se planejar uma Marinha de Guerra, inclusive apresentando análises em relação ao Poder Naval brasileiro. Assim, recomendamos a leitura dos seguintes artigos:


- "Brasil: precisamos ter uma estratégia marítima para o século XXI", de 21 de fevereiro de 2021, que pode ser lido em https://www.atitoxavier.com/post/brasil-precisamos-ter-uma-estratégia-marítima-para-o-século-xxi;


- "Como planejar uma Marinha de Guerra? Tema para reflexão da sociedade", de 20 de junho de 2021, disponível em https://www.atitoxavier.com/post/como-planejar-uma-marinha-de-guerra-tema-para-reflexão-da-sociedade;


- "Como planejar uma Marinha de Guerra? Tema para reflexão da sociedade. Parte II: Brasil", de 26 de maio de 2023, acessível em https://www.atitoxavier.com/post/como-planejar-uma-marinha-de-guerra-tema-para-reflexão-da-sociedade-parte-ii-brasil;


- "A importância da Marinha Mercante para a Segurança Nacional - como estamos?" de 08 de junho de 2023, acessível em https://www.atitoxavier.com/post/a-importância-da-marinha-mercante-para-a-segurança-nacional-como-estamos; e


-"A Regra dos Três serve para o nosso Poder Naval?", de 03 de julho de 2023. disponível em https://www.atitoxavier.com/post/a-regra-dos-três-serve-para-o-nosso-poder-naval.


Entretanto, os artigos acima focaram mais na parte material, e muito pouco na parte de pessoal, que está intimamente relacionada com o guarnecimento e na aplicação da estratégia, doutrina e táticas navais.

Convém mencionar, que a postura do Poder Naval é forjada pelas pessoas que dele fazem parte, e que juntamente com a parte material - meios navais e aeronavais -, constituem a dissuasão, pois de nada adianta em se ter meios modernos se não possui pessoal qualificado, preparado, experiente, e, principalmente, com disposição de usar a força quando a situação assim exigir.

Assim, o ditado popular que "o hábito faz o monge", é uma verdade quando queremos ter profissionais extremamente qualificados, e se encaixa perfeitamente na nossa afirmação sobre a importância de se ter pessoal pronto para a ação.

Logo, fica uma questão: "como um Poder Naval que não possui meios adequados, orçamento e experiência em combate pode desenvolver as habilidades listadas acima?

Tentando responder a isso, apresentaremos abaixo o que consideramos um caminho:


- participar de missões reais junto a marinhas de maior envergadura, em que primeiramente deve-se enviar um pequeno número de Oficiais e Praças, que ficariam embarcados nos meios navais e aeronavais de países aliados / amigos, com o intuito de: colher aprendizados, incrementar a confiança junto a essas Forças Navais e disseminar os ensinamentos obtidos no seu regresso, visando o início da preparação de um meio naval ou aeronaval nacional para uma futura participação em tais operações;


- maximizar o uso intensivo de simuladores de treinamento tático, com a intenção de apoiar a consolidação do aprendizado teórico;


- treinar, treinar e treinar NO MAR, pois é, somente, operando no ambiente de guerra é que ganha-se experiência no que vai encontrar, bem como é que se conseguirá retirar o máximo dos seus equipamentos;


- incutir uma mentalidade de combate no pessoal que guarnecerá os meios da Marinha, pois os futuros oponentes saberão, por meio dos seus Adidos Navais, que o Poder Naval em questão tem uma postura assertiva. É digno de nota que existem vários casos na história de que uma postura "combatente" sempre foi um elemento importante que foi considerado pelo oponente, atuando por vezes como uma dissuasão;


- valorizar e premiar os integrantes do setor combatente do Poder Naval. Geralmente, quando uma Marinha de Guerra fica reduzida a atividades de segurança, pois não possui condições adequadas de garantir a defesa, existe uma tendência de valorizar e premiar os que trabalham mais próximos da burocracia, o que envia uma mensagem equivocada aos novatos;


- trabalhar junto à sociedade a importância do mar, por meio da criação de uma mentalidade marítima, mostrando que a prosperidade do Estado depende desse ambiente, como: comércio, fontes energéticas, recursos marinhos e atividade de lazer. Dessa forma, necessita-se de uma Comunicação Estratégica eficiente, que é originada no Poder Político; e


- realizar Jogos de Guerra, visando analisar e investigar quais capacidades devem ser desenvolvidas e quais vulnerabilidades devem ser mitigadas para fazer frente aos diferentes cenários, perante as ameaças mais prováveis, o que depende de um Setor de Inteligência diligente.


Portanto, assim, como nos outros artigos, boa parte do depende do Poder Político em prover as condições ao seu Poder Naval para que o listamos acima se torne realidade, pois são necessários: recursos financeiros, instrumentos jurídicos - autorização para participação de missões reais -, comunicação estratégica junto à sociedade, e disposição política para a transformação.

O que podemos afirmar no caso brasileiro é que existe um enorme, tortuoso e difícil caminho a percorrer, e que infelizmente se nada for feito, a nossa Marinha se transformará numa força combatente anacrônica e sem meios para a defesa marítima - COMBATE NO MAR - , rumando para se transformar numa força que cuida mais das atividades subsidiárias - COMBATE PELO MAR -, o que, em nossa visão, é um grande equívoco.

É importante pontuar que no atual nível evolutivo que a humanidade se encontra, não são palavras, discursos ou intenções pacíficas que garantirão a segurança de um Estado, mas sim forças armadas preparadas e com postura de combate, ou uma aliança forte, que sempre cobra um preço.

O Blog é de opinião que a sociedade brasileira precisa debater seriamente, por meio do seu Poder Político, o que deseja em termos de sua defesa, pois esta não é feita de um dia para outro, pelo contrário, como envolve o somatório de material (meios, tecnologia, armamentos etc), pessoal (os que operam e apoiam) e postura, leva anos para estar desenvolvida, o que, em nossa análise, está muito aquém do nosso papel, riqueza e importância no mundo.

Só um lembrete: vivemos num mundo mais imprevísivel e menos seguro, como sempre temos alertado.

Qual a sua opinião?


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