top of page

Antiacesso e Negação de Área - A2/AD - importância para a nossa fronteira oriental. Parte III.


Figura disponível em: https://madsciblog.tradoc.army.mil/wp-content/uploads/2020/07/A2AD.png

O Blog tem analisado a Estratégia A2/AD, conhecida como Antiacesso e Negação de Área ou Anti-Access and Area Denial, e tem se tornado uma boa fonte de referência sobre o tema no nosso país, em que o articulista foi convidado como especialista para uma entrevista para o Podcast Momento Doutrinário do Comando de Desenvolvimento Doutrinário do Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil, que pode ser acessado pelo link https://www.atitoxavier.com/post/entrevista-para-o-comando-do-desenvolvimento-doutrinário-do-corpo-de-fuzileiros-navais, em que foram analisados aspectos das capacidades A2/AD dos países envolvidos no conflito Rússia x Ucrânia, bem como ao final da entrevista foram realizadas algumas reflexões sobre o emprego dessa estratégia no possível emprego da defesa da soberania brasileira junto a nossa fronteira oriental - Atlântico Sul.

Além do mencionado acima, o articulista também foi convidado como especialista para participar no Canal Base Militar Vídeo Magazine para debater sobre a seguinte indagação: "A2/AD: A estratégia naval defensiva chinesa funcionaria na costa do Brasil?", onde abordou-se a diferença entre estratégia e capacidades A2/AD, sua origem, evolução, situação russa e chinesa, dentre outros assunto relativos ao tema, e que pode ser acessado em https://www.atitoxavier.com/post/a2-ad-para-o-brasil-participação-no-canal-base-militar.

Outrossim, o Blog possui três artigos sobre o tema, e que recomendamos a releitura pelos os que acompanham o nosso trabalho, visando recordar os conceitos, e a leitura aos novos leitores, com o intuito de se familiarizarem com o assunto:

- "Sistemas A2/AD: precisamos para a defesa da nossa fronteira oriental (Atlântico Sul)?", de 06 de maio de 2022, disponível em: https://www.atitoxavier.com/post/sistemas-a2-ad-precisamos-para-a-defesa-da-nossa-fronteira-oriental-atlântico-sul ;

- "Antiacesso e Negação de Área - A2/AD - importância para a nossa fronteira oriental. Parte II", de 04 de junho de 2022, que pode ser lido em https://www.atitoxavier.com/post/antiacesso-e-negação-de-área-a2-ad-importância-para-a-nossa-fronteira-oriental-parte-ii;

- "Análise da pesquisa sobre o Poder Naval Brasileiro", de 18 de junho de 2022, acessível em https://www.atitoxavier.com/post/análise-da-pesquisa-sobre-o-poder-naval-brasileiro.

O presente artigo tentará mostrar que a estratégia A2/AD, que não é nova e que tem sido alvo de estudo pelos setores de Defesa no mundo, inclusive no nosso país, em virtude das capacidades ou ameaças A2/AD que ganharam destaque no cenário internacional, como dissemos nos nossos artigos, faz parte do pensamento estratégico da Marinha do Brasil - MB, como veremos a seguir, em que pese essa força não ter se atentado para isso.

No artigo Antiacesso e Negação de Área - A2/AD - importância para a nossa fronteira oriental. Parte II definimos:


- Antiacesso - A2: seria impedir ou retardar o acesso do adversário ao objetivo, e no caso dos porta-aviões seria fazer com que eles operassem o mais longe possível do objetivo, dificultando o uso das suas aeronaves na área de operações.


- Negação de área - AD: é quando o inimigo consegue chegar na área de operações, e se deseja dificultar a liberdade de manobra dele.

Por outro lado, no artigo Sistemas A2/AD: precisamos para a defesa da nossa fronteira oriental (Atlântico Sul)?, mostramos que temos de ter defesa em camadas contra uma força naval agressora, onde MB faria a Guerra no Mar ou Combate no Mar, com o apoio da Força Aérea Brasileira, fazendo o esforço principal na Defesa da Costa, ficando o Exército Brasileiro com o esforço principal na Defesa do Litoral. Ademais, afirmamos que a análise sobre o papel da MB encontra respaldo em sua publicação: O POSICIONAMENTO DA MARINHA DO BRASIL NOS PRINCIPAIS ASSUNTOS DE INTERESSE NAVAL - EMA322, de 2017, que pode ser acessada em https://www.marinha.mil.br/sites/default/files/ema-322.pdf:


"É dever da MB dissuadir a concentração de forças hostis nos limites das águas jurisdicionais brasileiras e, em caso de crise ou de conflito armado, impedir a aproximação de uma força naval adversária, que tenha a intenção de pressionar com sua presença, ou efetuar ataques provenientes do mar contra o território brasileiro, o mais longe possível das costas brasileiras."


Logo, ao analisarmos o posicionamento da MB acima, podemos inferir que trata-se de Estratégia A2/AD, e que isso justificaria alguns projetos estratégicos da nossa força naval, como o Programa Nuclear da Marinha - PNM e o Programa de Desenvolvimento de Submarinos - PROSUB, que juntos possibilitarão o nosso Submarino de Propulsão Nuclear, com armas convencionais, fazendo a defesa a longas distâncias, ou seja A2, bem como os futuros Submarinos de Propulsão Diesel - Elétrica possibilitando o AD.

Nesse sentido, outros programas estratégicos da MB, que estão descritos no Livro Branco de Defesa Nacional - LBDN em sua versão de 2020, disponível em https://www.gov.br/defesa/pt-br/assuntos/copy_of_estado-e-defesa/livro-branco-de-defesa-nacional-lbdn, podem ser considerados como A2/AD, destacando-se o Programa de Construção do Núcleo do Poder Naval, que possui subprogramas como o PRONAe, que visa a obtenção de Navio Aeródromo, que consideramos como A2. Convém mencionar que o Plano Estratégico da Marinha para 2040 - PEM 2040 não cita claramente esse programa, deixando-o subentendido como Navio com capacidade de Controle de Áreas Marítimas - NCAM capaz de operar com aeronaves de asa fixa, rotativa e/ou remotamente pilotadas, documento disponível em https://www.marinha.mil.br/sites/all/modules/pub_pem_2040/book.html.

Ainda temos os Projetos Míssil Antinavio Nacional Superfície - MANSUP, Míssil Antinavio Nacional Ar-Superfície - MANAER e Programa Fragatas “Classe Tamandaré” - PFCT, que consideramos como AD, em que pese a MB considerar que as FCT podem realizar missões de defesa, aproximada ou afastada, do litoral brasileiro, como constante em https://www.marinha.mil.br/programa-classe-tamandare.

Em nossa visão, as FCT, devido ao seu deslocamento e previsão de armamento a ser instalado, não são próprias para A2, mas contribuem para isso quando forem empregadas na proteção do futuro NAe.

Portanto, em nossa análise, para que a MB possa cumprir o seu dever, constante no EMA-322, é fundamental que os Programas citados acima sejam implementados e robustecidos.

Entretanto, consideramos ser insuficiente o número previsto de meios a serem entregues, a saber: 01 Submarino Nuclear, 04 Submarinos Convencionais e 04 FCT. Tal quadro é ainda mais desafiador, pois não há no horizonte de médio e longo prazos a implementação do PRONAe e o aumento dos novos meios navais em construção, em virtude da incompreensão do poder político sobre a importância da defesa da nossa fronteira oriental.

Dado o exposto, ratificamos as nossas análises constantes nos nossos artigos sobre o tema A2/AD citados nesse texto, e que repetiremos abaixo:


- estamos muito atrasados e relapsos em prover uma Defesa condizente com a estatura do nosso país, possuidor de riquezas abundantes, onde as disputas marítimas têm aumentado no mundo em busca de recursos naturais, cada vez mais difíceis de serem explorados em terra. Além disso, vivemos num mundo mais imprevisível e menos seguro, e que estamos numa escalada armamentista, como mostramos no artigo "Escalada armamentista, parte II", acessível em https://www.atitoxavier.com/post/escalada-armamentista-parte-ii. Logo, devido ao desafio da extensão da nossa costa, o Blog acredita que um Sistema A2/AD que proteja as nossas infraestruturas críticas, e que possua mobilidade para atender os diversos pontos do nosso território é fundamental e urgente;


- precisamos pensar numa Estratégica A2/AD, que seja conjunta, para a defesa do nosso país, ratificando o que dissemos no nosso artigo Sistemas A2/AD: precisamos para a defesa da nossa fronteira oriental (Atlântico Sul)? Além disso, naquele artigo também falamos que: "É lícito pensar que uma contestação da soberania brasileira em suas águas jurisdicionais será proveniente de um Estado com Poder Naval superior.", demonstrando que se adotássemos uma Estratégia A2/AD, com capacidades A2/AD modernas, estaríamos alinhados com o que outros países fazem; e


- é fundamental que o apoio político ao fortalecimento do nosso Poder Naval se inicie logo, pois como dissemos: a escalada da violência é rápida e a reação para os que não estão preparados é muito lenta, como vemos no conflito da Ucrânia, onde os ucranianos contam com o apoio ocidental, o que não sabemos se teremos. Apesar do esforço da MB em se preparar para as possíveis ameaças advindas do mar, sem o devido aporte de recursos pelo Estado tal tarefa fica muito comprometida. Ademais, também urge estudarmos uma Estratégia A2/AD conjunta, no menor tempo possível, com o intuito de defendermos a nossa fronteira oriental - o mar.

O Blog é de opinião de que a Estratégia A2/AD faz parte do pensamento estratégico da MB. Outrossim, infelizmente, devido aos poucos recursos financeiros e do pequeno apoio político, por sua miopia estratégica, tal pensamento, previsto no EMA-322, está comprometido. Qual a sua opinião?

bottom of page