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Os Houthis e sua influência na geopolítica do Oriente Médio. São um proxy do Irã? Parte III - possível escalada da crise.


Figura disponível em https://researchcentre.trtworld.com/wp-content/uploads/2024/01/17801116_0-0-1278-720-2.jpeg

No nosso artigo "Os Houthis e sua influência na geopolítica do Oriente Médio. São um proxy do Irã? Parte II", de 23 de dezembro de 2023, disponível em https://www.atitoxavier.com/post/os-houthis-e-sua-influência-na-geopolítica-do-oriente-médio-são-um-proxy-do-irã-parte-ii, apresentamos várias análises e dissemos que os Houthis têm conseguido afetar o tráfego marítimo no Mar Vermelho, por meio de ataques aos Navios Mercantes - NM e Militares, impactando a economia mundial, dando origem a coalizão internacional chamada Operation Prosperity Guardian, com o intuito de garantir a liberdade de navegação por essa região marítima.

Nesse sentido, ao analisarmos o atual modus operandi houthi, vemos que existem certas similaridades com que o apresentamos no nosso artigo "A Guerra Irregular no Mar: possibilidade de emprego pelo Brasil?", de 15 de novembro de 2023, que pode ser lido em https://www.atitoxavier.com/post/a-guerra-irregular-no-mar-possibilidade-de-emprego-pelo-brasil, quando apresentamos a nossa definição sobre Guerra Irregular no Mar, que ainda não existe formalmente no Ministério da Defesa brasileiro:


"Conflito que envolva estratégias de aproximação indireta, táticas convencionais e não convencionais contra um adversário com Poder Naval superior e em apoio as operações terrestres, cujo apoio da maioria da opinião pública nacional e internacional é fundamental para legitimar as ações, e, assim, criar dilemas que coloquem o oponente na defensiva, impondo, dessa forma, a nossa vontade."


É importante lembrar que desde o início da retaliação israelense contra o Hamas, em Gaza no mês de outubro de 2023, os Houthis começaram a disparar mísseis e drones contra Israel, bem como iniciaram ataques e sequestros contra o tráfego marítimo, inclusive contra navios da marinha dos EUA (US Navy).

Em seus pronunciamentos, sempre afirmaram que as suas ações tratavam-se de uma retaliação à Israel, e aos seus aliados, notadamente os EUA, pelo sofrimento da população palestina em Gaza, apoiando, assim, o Hamas. E que os seus ataques só iriam terminar com o cessar fogo e com a entrada de apoio médico e de suprimentos para aquela região.

O que chama atenção, é que apesar de terem um poder militar muito aquém dos seus adversários - mundo ocidental, principalmente Israel e EUA - não se intimidaram com os recentes ataques estadunidenses e britânicos ao seu território, pois já se acostumaram ao sofrimento da guerra.

Logo, podemos inferir que eles estão lutando uma "guerra política", ou seja, uma causa, e com isso tentam conquistar o apoio da opinião pública nacional (população Houthi) e internacional (os que apoiam o Hamas e os palestinos, bem como os que são contra a atual política israelense de não permitir a criação de um Estado palestino), o que é fundamental para legitimar as suas ações.

Além disso, eles vêm empregando táticas não convencionais, por meio do uso de drones contra navios (civis e militares) e de pequenas embarcações para atacar, abordar e sequestrar NM. Podendo-se dizer, também, que utilizam táticas convencionais, quando empregam mísseis balísticos contra os seus objetivos militares.

Portanto, o uso, pelos Houthis, de armamentos de menor tecnologia, mas eficientes, tem acarretado um maior custo financeiro aos seus adversários, que empregam sistemas mais sofisticados e bem mais caros para se contraporem aos ataques. Tal prejuízo irá aumentar conforme se prolongar essa crise.

Isto, somado ao desgaste político israelense, devido ao uso da força que vem aumentando a morte de civis palestinos e da sua negativa em aceitar a criação de um Estado palestino, e estadunidense, em seu total apoio a Israel e de não conseguir deste país uma negociação para o conflito. Além, de uma possível união muçulmana e de parte da opinião pública internacional contra Israel, poderão criar dilemas para os seus adversários, quanto ao uso da força contra os Houthis, que agora, em tese, representam uma causa.

Nesse sentido, vemos que os Houthis têm utilizado a Guerra Irregular no Mar, estando aderente com a nossa definição, e com isso devemos acompanhar com bastante atenção o desenrolar dos acontecimentos, pois, em que pese serem apoiados pelo Irã, eles possuem uma certa autonomia em suas decisões, não sendo totalmente controlados por Teerã, em outras palavras: são imprevisíveis.

Assim, as ações dos Houthis poderão levar a uma maior escalada de crise, caso o noticiado pela mídia Athens News, na matéria de 20 de janeiro intitulada "The Houthis will strike Suez, Hormuz and Aden – "triangle of death" for international shipping", acessível em https://en.rua.gr/2024/01/20/the-houthis-will-strike-suez-hormuz-and-aden-triangle-of-death-for-international-shipping/, se concretize. A matéria nos informa que eles pretendem fechar os três acessos à península arábica - Golfo de Áden, Canal de Suez e Estreito de Ormuz - por meio de ataques de mísseis, visando impedir o fluxo de petróleo para Israel.


Figura disponível em https://en.rua.gr/2024/01/20/the-houthis-will-strike-suez-hormuz-and-aden-triangle-of-death-for-international-shipping/

"The Houthis will close three ends of the Arabian Peninsula to prevent oil from flowing into Israel from the Strait of Hormuz, the Bab al-Madab Strait and the Suez Canal by blocking the so-called Al-Aqsa Triangle with missile attacks, as information was leaked US plans to invade Yemen and bomb targets in Iran. [...] The Houthis will close three ends of the Arabian Peninsula to prevent oil from flowing into Israel from the Strait of Hormuz, the Bab al-Madab Strait and the Suez Canal by blocking the so-called Al-Aqsa Triangle with missile attacks, as information was leaked US plans to invade Yemen and bomb targets in Iran."


Nesse cenário, podemos concluir que, se o noticiado acima se tornar realidade, haverá uma escalada da crise que poderá ter como consequência um conflito generalizado e sem controle, mergulhando o Oriente Médio num caos ainda maior, trazendo impactos para o mundo.

Entretanto, somente a possibilidade disso acontecer já poderá impactar no comércio global, com o aumento do risco à navegação tendo como consequência o incremento nos valores do seguro e do frete, bem como uma maior presença de navios militares naquelas regiões, aumentando a instabilidade global.

O Blog é de opinião que a guerra Israel x Hamas está saindo do controle, com a entrada de novos atores, como havíamos previsto no artigo "Conflito Israel x Palestina: poderá mergulhar a região em conflito generalizado? Parte III. Impactos", de 22 de outubro de 2023, que pode ser lido em https://www.atitoxavier.com/post/conflito-israel-x-palestina-poderá-mergulhar-a-região-em-conflito-generalizado-parte-iii-impactos.

Portanto, caso as grandes potências não atuem para distensionar os conflitos do Oriente Médio, em breve a região mergulhará no caos, com conflitos fora de controle, ainda mais quando o Irã está cada vez mais próximo de ter a capacidade de produzir armamento nuclear.

Qual a sua opinião? Poderá ser uma oportunidade para a África Ocidental e o Brasil na exportação de petróleo?

Seguem alguns vídeos para auxiliar a nossa análise:

Matéria de 01/01/2024:

Matéria de 22/01/2024:

Matéria de 22/01/2024:

Matéria de 12/01/2024:

Matéria de 31/12/2023:

Matéria de 03/12/2023:


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