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Novo capítulo da disputa marítima entre Israel e Líbano: necessidade econômica. Dará certo?


Figura disponível em: https://english.alaraby.co.uk/sites/default/files/styles/image_360x240/public/1234480383.jpeg?h=1336e95a&itok=u2gm0VfX

Na nossa Seção Oriente Médio, que pode ser acessada por meio do link https://www.atitoxavier.com/my-blog/categories/ori-m%C3%A9dio, acompanhamos o cenário geopolítico dessa região tão importante.

Dessa forma, no nosso artigo, de 11 de junho, intitulado "Disputa marítima: aumenta a tensão entre Israel e Líbano pela exploração de gás no mar", disponível em https://www.atitoxavier.com/post/disputa-marítima-aumenta-a-tensão-entre-israel-e-líbano-pela-exploração-de-gás-no-mar, abordamos a disputa marítima entre israelenses e libaneses, e afirmamos que a visão libanesa acerca do limite das suas águas jurisdicionais se devia a uma estratégia de renegociação, visando aumentar os limites da sua fronteira marítima com Israel para conseguir melhores condições de barganha. Outrossim, falamos que não acreditamos, devido a essa disputa, que haveria uma escalada militar do grupo Hezbollah contra Israel. Entretanto, isso é mais um fator de instabilidade na região. No futuro próximo, a exploração do gás marítimo por Israel, tendo como mercado a Europa e os países do seu entorno, poderá transformar o país num ator relevante na geopolítica energética mundial, transformando-o de importador a exportador de gás. Destarte, o conflito da Ucrânia poderá potencializar a atividade de exploração israelense. Dessa forma, isso ratifica a importância dos investimentos que o governo israelense tem feito em sua marinha, conforme analisamos no nosso artigo "Israel poderá se tornar uma potência naval? Mediterrâneo Oriental terá mais um player importante?", visando proteger e garantir a exploração de suas riquezas no mar.

Nesse cenário, em 11 de outubro, os governos de Beirute e de Jerusalém estabeleceram um acordo histórico, pois os países estão em guerra desde 1948, sobre a delimitação de suas fronteiras marítimas, o que permitirá a exploração das reservas de petróleo e gás na região disputada. Em que pese haver, agora, um acordo fronteiriço marítimo, isso não equivale a dizer que os países criaram um canal de diálogo.

É digno de nota que a intermediação dos EUA foi fundamental para o estabelecimento do acordo, que tem como referência a linha demarcatória 23 (pleito libanês de 2010), bem como a não colocação de óbices por parte do Hezbollah. Assim, recomendamos a leitura do artigo citado acima, visando entender melhor a importância do acordo.

Na figura abaixo podemos ver que o campo de Karish será explorado por Israel e o de Qana pelo Líbano. Contudo, a questão da exploração de Qana poderá ensejar, no futuro , alguma compensação para Israel (royalties), pois ultrapassa a linha demarcatória:

Figura disponível em:https://www.jewishpress.com/wp-content/uploads/2022/10/Maritime-Map-Lebanon.jpg

O acordo além de sua importância histórica, nos permite as seguintes análises:


- fundamental para que Israel possa explorar imediatamente a reserva de gás do campo de Karish, por meio da empresa ENERGEAN. Além disso, a anuência do Hezbollah diminui a possibilidade de ataques à plataforma de exploração, por meio dos recursos assinalados na figura abaixo, o que permitirá que o gás proveniente desse campo tenha a Europa Ocidental como o principal mercado consumidor, devido ao conflito da Ucrânia, alçando Israel como um ator importante na geopolítica energética. Ademais, a exploração de gás aumenta a segurança energética do país:

Figura disponível em: https://israel-alma.org/wp-content/uploads/2022/06/Karish-Threats.png

- devido ao item anterior, vemos que Israel usou uma postura pragmata, cedendo um pouco ao Líbano para atingir os seus objetivos estratégicos. É digno de nota que o país em breve terá eleições e esse acordo poderá favorecer o atual partido no poder;


- caso a oposição vença as eleições em Israel, o acordo poderá ser denunciado pelo lado israelense, o que tem força para gerar sérias consequências no campo militar, por meio de retaliação do Hezbollah;


- o acordo pode melhorar a imagem de Israel junto à alguns países muçulmanos, o que tem potencial para facilitar a sua contínua aproximação e o restabelecimento de relações, iniciado em 2020, e que possibilitará incrementar o isolamento político do Irã;


- o Hezbollah vê no acordo, que traz benefícios futuros para a população libanesa, uma oportunidade para melhorar a sua imagem no país, que está bastante desgastada. Dessa forma, o grupo concordou e deu a sua "benção" para a formalização, em detrimento de possíveis interesses iranianos no Líbano. Assim, vemos que o Hezbollah tem se dedicado, atualmente, as questões internas libanesas;


- o Líbano, que vem passando por uma crise aguda nos campos social e econômico, agora tem uma excelente oportunidade de melhorar a sua economia, bem como em aumentar a sua segurança energética, diminuindo a sua dependência do petróleo iraniano suprido por meio do Hezbollah. A exploração do gás no campo de Qana se dará por meio da empresa francesa TotalEnergies. Além disso, o acordo vem num momento em que o governo libanês passa por um grande desgaste interno;


- a França, por meio da exploração do gás pela TotalEnergies, tenta diminuir a influência geopolítica chinesa no Líbano, se mantendo como um ator relevante no país. Para isso contou com a ajuda estadunidense;


- os EUA em breve passarão por eleições de meio de mandato - mid terms - com isso o acordo poderá render votos para o governo Biden, como um sucesso de sua política externa.


O Blog é de opinião que o acordo é estratégico para vários dos atores envolvidos, notadamente Israel e Líbano. Além disso, as nossas análises ratificam o que abordamos em 11 de junho no artigo "Disputa marítima: aumenta a tensão entre Israel e Líbano pela exploração de gás no mar".

Outrossim, o sucesso do acordo ainda é incerto, pois existe uma certa dose de incerteza no tocante ao resultado das eleições em Israel, o que poderá invalidar o que foi conquistado, trazendo mais instabilidade para a região.

Portanto, fica demonstrada a importância da geopolítica energética, que deve fazer parte da política externa de um país, com o intuito de contribuir para o atingimento dos objetivos estratégicos do Estado.

Ademais, comprova-se a crescente importância do mar na questão da exploração dos seus recursos marinhos que podem levar à tensões políticas, crises militares e conflitos armados. Assim, na era em que vivemos - mundo mais imprevisível e menos seguro - nunca foi tão importante em se ter um Poder Naval crível.

Qual a sua opinião?

Seguem alguns vídeos para ajudar a nossa análise:

Matéria de 14/10/2022:

Matéria de 14/10/2022:

Matéria de 14/10/2022:

Matéria de 18/10/2022:

Matéria de 12/10/2022:

Matéria de 11/10/2022:

Matéria de 11/10/2022:

Matéria de 12/10/2022:


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