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Conflito da Ucrânia: sabotagem dos gasodutos NORD STREAM.


Figura disponível em https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2022/09/27/675x450/1_000_32k83g7-26513785.jpg?20220927094330?20220927094330

No dia 08 de fevereiro o renomado e premiado, com o Pulitzer, jornalista investigativo estadunidense Seymour Hersh, em sua matéria intitulada "How America Took Out The Nord Stream Pipeline", acessível em https://seymourhersh.substack.com/p/how-america-took-out-the-nord-stream, que recomendamos a leitura, acusou os EUA de terem efetuado uma operação de sabotagem, liderada pela CIA com apoio da US Navy e da Noruega, contra os gasodutos NORD STREAM 1 e 2, importantes para levar gás natural da Rússia para a Alemanha. O dano aos gasodutos teria ocorrido em 26 de setembro de 2022, tendo sido considerado como um ato de terrorismo internacional.

Figura disponível em https://ichef.bbci.co.uk/news/640/cpsprodpb/1713E/production/_126862549_nord_stream_pipeline_update-nc-2x-nc.png

De acordo com a reportagem, a sabotagem teria ocorrido, e sido encoberta, durante o exercício da OTAN chamado BALTOPS 22, cujas informações podem ser obtidas em https://www.navy.mil/Press-Office/News-Stories/Article/3066830/baltops-22-the-premier-baltic-sea-maritime-exercise-concludes-in-kiel/.

Tal acusação foi veemente negada pela Casa Branca, pela CIA e pelo governo da Noruega, bem como foi aproveitada como uma oportunidade pela Rússia e a China para acusarem os EUA de terem cometido esse ato de terrorismo, agora estatal. Logo, vemos mais uma vez a guerra de narrativas, que vem marcando o Conflito da Ucrânia, bem como o Século XXI.

Em alguns de nossos artigos tínhamos afirmado que o governo de Moscou usava a dependência energética europeia, notadamente a Alemanha, do gás russo como uma forma de pressão e chantagem, bem como os EUA viam isso com muita preocupação.

Nesse sentido, apresentaremos algumas de nossas análises, visando, por meio do raciocínio lógico, verificar se a denúncia possui uma probabilidade de ser verídica.

Em nosso artigo "A redução das tropas dos EUA da Alemanha será um erro estratégico?", de 15 de junho de 2020, afirmamos que o governo Trump por ocasião do começo do seu mandato fez várias críticas aos países europeus que investiam pouco nas suas forças armadas, e consequentemente na OTAN, pois os EUA eram o grande garantidor da defesa desse continente contra as principais ameaças externas, e "incentivou "a todos os governos da aliança que elevassem os gastos de defesa para cerca de 2% dos seus PIB. A maioria elevou os gastos, mas a Alemanha resistia em aumentar e a chegar a esse patamar. Sendo assim, a intenção de Trump seria uma forma de "punição "à Alemanha, pois ele vinha pressionando a premiê Angela Merkel a aumentar os gastos militares, acusando-a de não fazer isso por ser dependente energeticamente da Rússia (petróleo e gás), pois ele acreditava que governo alemão tinha receio de que o aumento em sua militarização pudesse afetar a relação russo-alemã.

Nesse sentido, o governo Biden, também, enxergava o gasoduto NORD STREAM 1 como uma vulnerabilidade europeia, e que o início da operação do NORD STREAM 2 iria potencializar a influência de Putin sobre a Alemanha e a Europa Ocidental. Com isso, o governo de Washington vinha pressionando para a não implementação desse gasoduto, inclusive aplicando sanções econômicas na empresa responsável pelo gasoduto - Nord Stream AG, e estava estudando novas possibilidades de interromper o gasoduto e de fornecimentos alternativos de gás.

Outrossim, o próprio Presidente Biden afirmou publicamente em uma coletiva de imprensa que se a Ucrânia fosse invadida pelos russos, não haveria mais NORD STREAM 2, conforme podemos ver no vídeo, de 07 de fevereiro de 2022, abaixo:

Em nosso artigo "Geopolítica Energética e a Emergência Climática: crises, tensões, conflitos e perspectivas", de 05 de fevereiro de 2022, disponível em https://www.atitoxavier.com/post/geopolítica-energética-e-a-emergência-climática-crises-tensões-conflitos-e-perspectivas, falamos que o uso da energia como forma de coerção, ou seja, a fonte energética é usada como uma arma contra os seus oponentes, bem como ratificava a percepção do Blog sobre o surgimento de crises, tensões e conflitos motivados pela necessidade energética. Além disso, afirmamos que a crise ucraniana estava acontecendo no período em que o mundo enfrentava uma crise energética de grandes proporções que vem sendo causada pela recuperação econômica advinda da pandemia, que requer mais energia, e potencializada pela necessidade de diminuir as emissões dos gases que causam o aquecimento global, bem como pela mudança climática no mundo. Ademais esses fatores contribuíram diretamente para a grande elevação do preço do gás no cenário internacional, pois como dissemos anteriormente, essa fonte de energia é a principal nesse período de transição energética que estamos passando. Esse fato aumentava o dilema da OTAN em relação aos russos. Destarte, esse quadro mostrava de forma inequívoca a necessidade dos Estados diversificarem as suas matrizes energéticas com o intuito de diminuírem a dependência externa de energia, aumentando as suas autossuficiências.

No nosso artigo "Crise da Ucrânia: laboratório para a problemática de Taiwan", de 20 de janeiro de 2022, disponível em https://www.atitoxavier.com/post/crise-da-ucrânia-laboratório-para-a-problemática-de-taiwan, alertávamos que os EUA estavam numa encruzilhada, pois caso Putin conseguisse atingir os seus objetivos na Ucrânia, sinalizaria que os estadunidenses não possuem um forte comprometimento político-militar em apoiar os seus aliados, engajando-se nas crises com as suas tropas, o que poderia abrir caminho para que a China fizesse o mesmo em relação a Taiwan, ainda mais porque poderia haver duas frentes de conflito.

Interessante é que o Secretário de Estado dos EUA teria afirmado em uma entrevista de 30 de setembro de 2022, após o ataque ao gasoduto, acessível em https://www.state.gov/secretary-antony-j-blinken-and-canadian-foreign-minister-melanie-joly-at-a-joint-press-availability/ que:


“It’s a tremendous opportunity to once and for all remove the dependence on Russian energy and thus to take away from Vladimir Putin the weaponization of energy as a means of advancing his imperial designs. That’s very significant and that offers tremendous strategic opportunity for the years to come, but meanwhile we’re determined to do everything we possibly can to make sure the consequences of all of this are not borne by citizens in our countries or, for that matter, around the world.”


Sugerimos a leitura do artigo "Crise na Ucrânia: gasoduto Nord Stream 2 pode ser cancelado", alertam EUA do site Forças Terrestres, disponível em https://www.forte.jor.br/2022/01/27/crise-na-ucrania-gasoduto-nord-stream-2-pode-ser-cancelado-alertam-eua/ , de 27 de janeiro de 2022, que reforça a intenção dos EUA em paralisar o gasoduto de qualquer forma.

Pode ser verificado na imprensa várias matérias abordando o crescimento de fornecimento de Gás Liquefeito de Petróleo - GLP, mais caro e enviado por navios, notadamente dos EUA, à Europa, após o ataque aos gasodutos NORD STREAM, o que favoreceu os EUA e alguns países do Oriente Médio, como o Catar.

Outrossim, após o ataque, todo o Ocidente (EUA e os seus aliados europeus) acusaram a Rússia como a autora da sabotagem, o que foi negado e até hoje não foi comprovado ou achado algum indício disso.

Ao analisar a explosão, podemos inferir que foi uma operação bem planejada, com alto grau de conhecimento em explosivos submarinos e boa tecnologia, ou seja, não foi realizada por amadores, o que denota uma possível ação de um Estado, com interesse em interromper o fluxo de gás russo para Europa e que tenha tais capacidades. Ademais, as explosões ocorreram no lado ocidental.

Outro fato interessante é que a Rússia não recebeu as análises das investigações realizadas por alguns países, e que a Suécia não revelou a ninguém os seus resultados.

Portanto, em nossa análise, a denúncia possui uma boa probabilidade de estar correta.

O Blog é de opinião que tal denúncia é preocupante, se for realmente verídica, pois abre a possiblidade concreta de ataques as infraestruturas submarinas, como cabos submarinos, gasodutos internacionais, plataformas de petróleo e gás, mineração submarina e outras infraestruturas críticas no mar por Estados, com o intuito de atingir os seus objetivos geopolíticos.

Portanto, conclui-se que aumentou consideravelmente o desafio das Marinhas em dissuadir tal ato de terrorismo estatal.

Qual a sua opinião?

Seguem alguns vídeos para auxiliar a nossa análise:

Matéria de 22/02/2023:

Matéria de 09/02/2023:

Matéria de 22/02/2023 - vídeo de mídia chinesa acusando os EUA

Matéria de 23/02/2023 - Esse vídeo contém a entrevista com o jornalista premiado e reconhecido mundialmente que fez o artigo em que acusa os EUA de terem sabotado o oleoduto NORD STREAM:

Matéria de 02/02/2023 - mídia controlada pelos chineses.

Matéria de 18/10/2022:

Matéria de 30/09/2022:

Matéria de 28/09/2022:

Matéria de 30/09/2022:

Matéria de 22/02/2023:





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