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Centro Espacial de Alcântara lança foguete sul-coreano.


Figura disponível em https://mundogeo.com/wp-content/uploads/2023/03/19205243/hanbit-tlv-innospace-fab.jpg

Matheus Marculino dos Santos *

No dia 19 de março de 2023, às 14h52 , ocorreu o lançamento do foguete suborbital sul-coreano HANBIT-TLV (Test Launch Vehicle) a partir do Centro Espacial de Alcântara (CEA), no Maranhão. Apesar deste ser o lançamento de número 500, originado desta base estratégica para o Programa Espacial Brasileiro, este é um marco por inaugurar as suas operações comerciais com a empresa Innospace. O voo durou aproximadamente quatro minutos e levou a bordo uma carga útil desenvolvida 100% no Brasil

Com este lançamento, o Brasil demonstrou ao mundo a sua capacidade de lançar foguetes, bem como o de utilizar toda estrutura do CEA para apoiar um lançamento estrangeiro.

Conforme o site da Innospace (http://www.innospc.com/main?lang=en&t=1679404343), o HANBIT-TLV é um veículo lançador de testes com 16,3 m de altura, 1,0 m de diâmetro e pesa 8,4 toneladas, de estágio único e está equipado com um motor híbrido com empuxo de 15 toneladas. A intenção da empresa sul-coreana é validar as suas tecnologias a partir de testes realizados em solo brasileiro para um veículo lançador de dois estágios capaz de transportar uma carga útil de até 50 kg, ideal para nanossatélites, uma tendência internacional.

O lançamento do foguete foi um evento extremamente importante para o Programa Espacial Brasileiro, bem como para a sua estratégia de aumentar a autonomia espacial, algo ainda longe de ser alcançado, especialmente no lançamento independente ao espaço.

Apesar desse atraso tecnológico, houve iniciativas internas referentes ao Programa Espacial Brasileiro para viabilizar a utilização comercial do CEA, como a assinatura do Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST) pelo Congresso Nacional em 2019. Em grande medida, o objetivo do AST é proteger a propriedade intelectual e as tecnologias presentes em lançamentos de foguetes e satélites.

A operação denominada Astrolábio é o resultado de uma parceria entre o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), a empresa sul-coreana Innospace e o apoio da Agência Espacial Brasileira (AEB). Além da Innospace, outras firmas estrangeiras também pretendem lançar cargas espaciais a partir do Centro de Lançamento de Alcântara, tais como: C6 Launch, que já assinou contrato para a utilização do CEA, a Virgin Orbit, Orion Ast e a Vaya Space.

Somadas, essas empresas ilustram a potencialidade do Centro de Lançamento brasileiro, pois ele está próximo à Linha do Equador, o que representa uma economia de aproximadamente 30% de combustível. Além de ser uma área pouco povoada e ter a disposição a costa brasileira para o lançamento de foguetes e satélites.

Cabe ressaltar que a partir de tal lançamento, há uma série de resultados geopolíticos para o Brasil:

(I) o ingresso no mercado multimilionário de lançamento de satélites ao espaço;

(II) a geração de receita para investimentos tanto no CEA quanto no Programa Espacial Brasileiro;

(III) a abertura de novas oportunidades de cooperação internacional com nações ou empresas, especialmente com a Coreia do Sul, a primeira a utilizar o CLA; e

(IV) a afirmação do Brasil como um ator sul-americano capaz de produzir e até mesmo de lançar satélites, pois como noticiado na seção de geopolítica espacial, que pode ser acessada por meio do link https://www.atitoxavier.com/post/o-programa-espacial-argentino-e-os-seus-poss%C3%ADveis-impactos-na-am%C3%A9rica-do-sul, a Argentina está desenvolvendo o seu próprio veículo lançador.

Como podemos observar acima, a utilização do CEA acarreta em ganhos econômicos e geopolíticos ao Brasil indispensáveis para a sua projeção espacial, pois uma nação com extensa área territorial precisa de domínio tecnológico para afirmar a sua soberania. Há também ganhos sociais com o investimento em infraestrutura e na educação em Alcântara, no Maranhão.

O Blog é de opinião que a partir do lançamento do foguete sul-coreano, o Brasil ingressa em alguma medida na exploração comercial do espaço e abre caminhos para novas oportunidades de cooperação internacional no âmbito espacial.

Qual a sua opinião?

Seguem alguns vídeos para ajudar em nossas análises:

Matéria de 19/03/2022:

Matéria de 20/03/2022:

* Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PPGRI-UERJ); e-mail: matheus_rj96@hotmail.com; Orcid: https://orcid.org/0000-0001-9859-6823

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