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A nova corrida espacial e a geopolítica do espaço: A Era da Competição entre as Grandes Potências.


Figura disponível em: https://www.gcsp.ch/sites/default/files/2019-05/Programme%20Nayef%20Geopolitics%20and%20Global%20Futures.jpg

Conforme o Blog afirmou, e que vem realizando análises por meio de alguns de seus artigos, estamos vivendo na Era da Competição entre as Grandes Potências: China, EUA e Rússia, sinalizando que uma Nova Ordem Mundial está a caminho.

Porém, essa nova era é marcada por várias particularidades, dentre as quais destacamos:

- disputa pela hegemonia mundial entre a China e os EUA, que é diferente da ocorrida no período da Guerra Fria entre a ex-União Soviética e os EUA, pois a China não pretende impor a sua doutrina política, mas sim conquistar mercados com o intuito de tornar realidade o "sonho chinês" de fazer com que o país seja próspero, mas com segurança. Dessa forma, os seus interesses chocam-se com os estadunidenses, levando a disputa a todos os campos do Poder Nacional (tecnológico, econômico, militar, psicossocial, dentre outros);

- clara divisão do mundo entre os valores e visão ocidentais (representados pelos EUA e os seus aliados europeus), que tentam conter o expansionismo sino-russo e atrair os países de suas respectivas áreas de influência, o que tem levado a uma parceria estratégica e pragmática entre a China e a Rússia, a fim de fazer frente as investidas ocidentais; e

- devido aos itens anteriores, o mundo está mais imprevisível e menos seguro, onde não temos, até o momento, uma potência que seja a fonte de estabilidade no mundo, o que faz com que tenhamos um aumento das tensões, crises e conflitos de baixa intensidade no cenário internacional, o que tem ocasionado um aumento nos gastos militares globais.

Nesse contexto, o Espaço tem sido um palco contencioso entre as Grandes Potências, mas com pouco destaque, sendo silencioso e ao mesmo tempo fascinante, e que poderá no futuro próximo inaugurar uma época de grandes conquistas para a humanidade, bem como ser decisivo como fator hegemônico.

Dessa forma, o Blog tem acompanhado, por meio de alguns de seus artigos abaixo, a Geopolítica Espacial, onde vemos uma nova corrida ao espaço por parte da China, EUA e Rússia, que possui como uma de suas características a Militarização desse ambiente:

- "Militarização do espaço: consequência da competição entre as grandes potências", disponível em https://www.atitoxavier.com/post/militarização-do-espaço-consequência-da-competição-entre-as-grandes-potências ;

- "US Space Force: propaganda geopolítica ou decisão visionária? Espaço a nova fronteira de conflito", acessível em https://www.atitoxavier.com/post/us-space-force-propaganda-geopolítica-ou-decisão-visionária-espaço-a-nova-fronteira-de-conflito ; e

- "Programas Espaciais da América do Sul e o fator China: possíveis impactos para o Brasil", que pode ser lido em https://www.atitoxavier.com/post/programas-espaciais-da-américa-do-sul-e-o-fator-china-possíveis-impactos-para-o-brasil.

Nesse cenário, alguns programas espaciais demonstram muito bem a nova disputa e a corrida espacial, como o lançamento em 2021 e total implementação esperada para 2022 da estação espacial chinesa, no estado da arte, a Tiangong; a intenção russa de possuir uma estação espacial própria em 2030; e a decisão estadunidense de prolongar a vida útil da Estação Espacial Internacional, lançada em 1998, até 2030.

A China com a Tiagong espera usá-la como soft power, com a intenção de aumentar a sua influência mundial.

O artigo de Matheus Marculino dos Santos*, intitulado "Governo Biden anuncia a utilização da Estação Espacial Internacional (ISS) até 2030", que recomendamos a leitura integral no Blog por meio do link https://de9abb8c-83aa-4859-a249-87cfa41264df.usrfiles.com/ugd/de9abb_0643f6c174cb499fb45e9cf777b18abc.pdf, nos informa a elevada preocupação estadunidense em perder o protagonismo espacial para a China, conforme podemos ver em alguns trechos:


"No último dia de 2021, a NASA, a agência espacial dos Estados Unidos, anunciou em seu site oficial a pretensão de estender a vida útil da Estação Espacial Internacional (ISS) até meados de 2030. [...] A divulgação dessa notícia veio em um contexto marcado pelo aumento de atores estatais e não estatais no ambiente espacial, onde eles buscam se inserir em órbitas estratégicas para a perseguição dos seus interesses. Tal fato ressalta o valor das atividades espaciais aos objetivos das principais potências internacionais, sobretudo China e EUA, que estão levando as suas disputas geopolíticas, econômicas e militares para esse campo. [...] As principais consequências desse acirramento nas questões espaciais são o aumento da militarização e o seu papel estratégico na atual distribuição de poder no Sistema Internacional (SI). [...] Isso demonstra a visão norte-americana em continuar exercendo a liderança nas atividades espaciais no século XXI, cada vez mais fundamental nas aplicações comerciais, econômicas e militares de qualquer nação. Elas têm um grande vínculo nas questões de segurança e defesa ao fornecer dados que contribuem na proteção contínua do território norte-americano, na comunicação das suas tropas localizadas em diversas partes do mundo e no desenvolvimento tecnológico. [...] Caso a aprovação pelo governo Biden para a extensão da operação da ISS não ocorresse, a China seria a única nação com sólida presença no espaço. Isso elevaria ainda mais a sua influência espacial a partir da projeção de poder e na capacidade de realizar experimentos científicos em microgravidade com os seus aliados. [...] Isso é uma clara demonstração do aumento do poderio espacial chinês e na sua vontade política expressa em documentos oficiais e na mobilização governamental em consolidar presença nesse ambiente com sua própria estação espacial, missões robóticas na Lua e Marte, satélites posicionados em diferentes órbitas terrestres e cooperação internacional com parceiros em comum."


Na atual Geopolítica Espacial verifica-se mais uma vez a parceria sino-russa, que tem sido, até o momento benéfica para ambos, o que marca de forma indelével o pragmatismo entre os seus atuais líderes, pois a história entre esses países é marcada por períodos de tensão e de desconfiança. Além disso, ratifica a divisão que tem-se criado no mundo.

Convém mencionar que, em 2011, os EUA proibiram a participação chinesa em seus projetos espaciais, como a Estação Espacial Internacional, devido ao potencial uso dos conhecimentos adquiridos nos projetos militares secretos chineses, com isso aumentando o desejo de Xi Jinping de tornar a China independente nesse quesito.

Outro fruto que poderá ser gerado com a parceria sino-russa é a construção de uma base na lua para exploração e pesquisas, e que foi firmada, em 09 de março de 2021, pelo Memorando de Entendimento entre esses países. Maiores detalhes podem ser lidos no site da China National Space Administration em http://www.cnsa.gov.cn/english/n6465652/n6465653/c6811380/content.html .

De acordo com alguns analistas, os chineses possuem grandes expectativas em seus projetos lunares, como a exploração de minerais o que os colocaria em outro patamar na conquista espacial e aumentaria a sua disponibilidade de recursos. Para tanto, teriam que resolver os desafios logísticos.

Na corrida espacial da atualidade a estratégia dos EUA é apostar na iniciativa privada, como as empresas Space X, AXIOM Space além de outras, o que tem como vantagens a diminuição dos investimentos estatais nesse tipo de empreendimento, permite que a inovação tecnológica seja mais célere, bem como uma implementação mais rápida de tais tecnologias. Dessa forma, a NASA passaria ser mais um cliente de tais empresas. Entretanto para que se tenha sucesso é necessário que as empresas desenvolvedoras privadas tenham lucro para que continuem com as realizações, e que caso aconteça poderá garantir a perenidade da permanência estadunidense no Espaço.

Assim, existe a intenção dos EUA em construir uma nova estação espacial privada por meio da AXIOM Space.

O Blog é de opinião que a nova corrida espacial, apesar da disputa geopolítica envolvida, poderá ser muito benéfica para o mundo, devido as inovações tecnológicas que surgirão. Entretanto, a Militarização do Espaço é algo preocupante e que outros atores vêm tentando ganhar protagonismo, conforme analisado no nosso artigo sobre o tema, o que pode aumentar a instabilidade global devido a criação de um novo ambiente de conflito, o espacial.

Dessa forma, convém que o governo brasileiro acompanhe esse tema, pois possui um programa espacial com a China, bem como enviou um astronauta à Estação Espacial Internacional.

Qual a sua opinião?

Seguem alguns vídeos para auxiliar em nossa análise:

Matéria de 2021:

Matéria de 29/04/2021:

Matéria de 16/02/2021:

Matéria de 20/08/2021:

Matéria de 21/04/2021:

Matéria de 16/06/2021:

Matéria de 18/06/2021:

Matéria de 25/08/2021:

* - Matheus Marculino dos Santos é Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PPGRI-UERJ), e colaborador do Blog.

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