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A nova corrida espacial e a geopolítica do espaço. Parte III - A Militarização do Espaço: análise Geopolítica da Estratégia Orbital da China e dos EUA.


Introdução

O espaço, outrora um domínio de cooperação científica e exploração pacífica, está se transformando rapidamente em um novo campo de competição estratégica e militarização.

Nesse sentido, o Blog criou uma seção dedicada a Geopolítica Espacial que contém várias análises sobre o tema e que pode ser acessada em https://www.atitoxavier.com/my-blog/categories/geopol%C3%ADtica-espacial.

A recente iniciativa da Força Espacial dos Estados Unidos (USSF) de desenvolver um "portador orbital" ou "porta satélites" — uma plataforma capaz de lançar múltiplos satélites diretamente do espaço — marca um ponto de inflexão nessa evolução.

A China, conforme a matéria da The Eurasian Times, de 15 de julho de 2022 disponível em https://www.eurasiantimes.com/patrolling-the-space-yes-china-is-developing-ai-powered-orbital-carrier/, está desenvolvendo iniciativas semelhantes às dos EUA no domínio espacial, incluindo o conceito de um "porta satélites". Embora não haja declarações oficiais do governo chinês confirmando explicitamente tais projetos, diversas fontes confiáveis indicam que o país está investindo significativamente em capacidades espaciais avançadas com aplicações militares.

Assim, este artigo tentará analisar as possíveis implicações geopolíticas dessas estratégias, contextualizando-a dentro da crescente rivalidade entre as grandes potências (China, EUA e Rússia) e a transformação do espaço em um ambiente de guerra.


1. O Projeto do Porta Satélites


A) EUA:

Em março de 2025, a empresa estadunidense Gravitics, https://www.gravitics.com/, recebeu um contrato, cerca de US$ 60 milhões, da SpaceWERX, https://spacewerx.us/, braço de inovação da USSF, para desenvolver e demonstrar o "Orbital Carrier".

Este sistema visa pré-posicionar múltiplos veículos espaciais manobráveis em órbita, permitindo respostas rápidas a ameaças emergentes sem depender de lançamentos terrestres demorados. A capacidade de lançar satélites diretamente do espaço representa uma mudança paradigmática na doutrina espacial militar, enfatizando a prontidão e a flexibilidade operacional.


B) China:

Pesquisadores chineses estão trabalhando em um "porta satélites" impulsionado por inteligência artificial (IA), projetado para patrulhar o espaço, defender ativos espaciais, realizar reabastecimento em órbita e manutenção de satélites. Essa plataforma seria capaz de lançar rapidamente centenas de CubeSats — pequenos satélites de aproximadamente 1 kg — para responder a ameaças emergentes no espaço. O uso de IA é considerado essencial para gerenciar as complexas operações de combate espacial, superando as limitações humanas em cenários de batalha de alta velocidade e complexidade.


Logo, ao vermos as iniciativas da China e dos EUA, podermos concluir que a ficção científica está ficando cada vez mais próxima do mundo real.


2. A Nova Corrida Espacial

A iniciativa do porta satélites insere-se em um contexto mais amplo de intensificação da competição espacial. Conforme destacado por analistas, o espaço está se tornando um ambiente de disputa estratégica, com grandes potências buscando assegurar vantagens tecnológicas e militares. A proliferação de satélites, o desenvolvimento de armas antissatélite e a criação de forças espaciais dedicadas são indicativos dessa nova corrida espacial, onde a superioridade orbital é vista como essencial para a segurança nacional.

Convém mencionar que a China está implementando mega constelações de satélites em órbita baixa, como os projetos "Guowang" e "Thousand Sails", com o objetivo de rivalizar com a constelação satelital Starlink dos EUA. Essas constelações visam fornecer cobertura global de comunicações e têm aplicações tanto civis quanto militares

Nesse contexto, sugerimos a leitura dos artigos, visando contextualizar melhor o leitor:


3. Implicações Geopolíticas

3.1. Estratégia de Dissuasão e Resposta Rápida

A capacidade de lançar satélites diretamente do espaço fortalece a postura de dissuasão dos EUA e da China, permitindo respostas rápidas a ataques ou falhas em ativos espaciais. Essa prontidão reduz a vulnerabilidade a ataques surpresa e aumenta a resiliência das capacidades espaciais militares.

3.2. Reação de Outras Potências

A militarização do espaço pelos EUA e pela China pode incentivar outras potências, como Rússia, Índia e União Europeia (apesar de não ser um país, mas um conjunto, é um potencial centro de poder), a desenvolverem capacidades similares ou contramedidas, intensificando a corrida armamentista orbital. A ausência de acordos internacionais robustos sobre o uso militar do espaço agrava esse cenário, aumentando o risco de conflitos e acidentes em órbita.

3.3. Desafios para o Direito Espacial

O desenvolvimento de plataformas como o portador orbital desafia os princípios estabelecidos pelo Tratado do Espaço Exterior de 1967, que proíbe a colocação de armas de destruição em massa em órbita. Embora o tratado não proíba explicitamente outras formas de militarização, a expansão de capacidades militares no espaço levanta questões sobre a necessidade de atualização e reforço do regime jurídico espacial.


Conclusão

As iniciativas dos "porta satélites" da China e dos EUA representam uma evolução significativa na estratégia espacial militar dessas potências, com amplas implicações geopolíticas.

Portanto, essas iniciativas refletem a crescente competição entre as grandes potências pela supremacia no domínio espacial, transformando o espaço em um novo teatro de operações militares.

Nesse cenário, a medida que o espaço se torna um domínio cada vez mais contestado, é imperativo que a comunidade internacional busque mecanismos para evitar a escalada de tensões e garantir o uso pacífico e sustentável do espaço.

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