top of page

A Coreia do Norte e suas jogadas geopolíticas. Parte II: escalada da tensão na península coreana.


Figura disponível em https://ichef.bbci.co.uk/news/640/cpsprodpb/14763/production/_132211838_north_korea_map_2x640-nc.png

O Pacífico Ocidental tem sido uma das regiões mais instáveis do Século XXI, e a Coreia do Norte é um ator que contribui muito para o aumento da tensão nessa região do globo, ainda mais quando se trata de um país com armamento nuclear e possuidor de um governo dinástico e autocrático.

Com a Guerra da Ucrânia, os governos de Moscou e de Pyongyang ficaram mais próximos e têm estabelecido parcerias em várias áreas, notadamente a militar. Além disso, existe a possibilidade da Coreia do Norte em se transformar em uma opção turística para os russos, o que poderá injetar mais recursos financeiros no país, que tem a sua economia estrangulada por sanções, lideradas pelos EUA.

Logo, em nossa visão, essa parceira contribui para o fortalecimento da liderança de Kim Jong-un, dando-lhe mais autoconfiança e, assim, mais imprevisibilidade, o que favorece o incremento da instabilidade na região.

Nesse sentido, o Blog vem acompanhando os movimentos desse Estado por meio dos artigos abaixo:


-"A Coreia do Norte e suas jogadas geopolíticas", de 17 de junho de 2020, disponível em https://www.atitoxavier.com/post/a-coreia-do-norte-e-suas-jogadas-geopolíticas, afirmamos que o atual líder norte-coreano incrementou os testes nucleares e de mísseis balísticos, que aliados ao emprego de uma política externa repleta de incertezas, fizeram com que o país se tornasse muito mais imprevisível, aumentando a tensão mundial sempre que lhe convém. A intenção seria de alcançar os seus objetivos geopolíticos de manter-se como uma potência nuclear, garantir o governo "dinástico", afrouxar o embargo econômico, e continuar sendo um importante aliado militar da China na região. Além disso, também dissemos que alguns desses movimentos seriam realizados para apoiar geopoliticamente o seu principal aliado na região, pois ajudaria na mudança do foco dos grandes problemas/crises enfrentados pelo governo chinês no cenário internacional, por meio da criação de outras tensões, em que a China se tornaria um ator importante na solução desses conflitos;


-"O Serviço de Inteligência da Coreia Norte: segredo e eficiência", de 22 de outubro de 2021, que pode ser lido em https://www.atitoxavier.com/post/o-serviço-de-inteligência-da-coreia-norte-segredo-e-eficiência, dentre várias análises realizadas, falamos que a Coreia do Norte é um país extremamente fechado e governado por uma ditadura dinástica, que se mantém no poder por meio da repressão e do controle interno muito rígido, bem como pela sua dissuasão nuclear. Dessa forma, os governantes desse país utilizam os serviços de inteligência para evitar movimentos oposicionistas e de reivindicações por melhor qualidade de vida. Ademais, vários desertores do país e dos serviços de inteligência norte-coreanos têm sido unânimes em acusar os governantes de Pyongyang de usar o aparato governamental, principalmente o de inteligência, em proveito próprio, onde teria participação na produção e venda de drogas ilegais, como metanfetamina, bem como na venda de armamentos para países que têm ou tiveram problemas com o mundo ocidental; e


-"Parceria militar entre Rússia e Coreia do Norte: fôlego para ambos", de 08 de setembro de 2023, acessível em https://www.atitoxavier.com/post/parceria-militar-entre-rússia-e-coreia-do-norte-fôlego-para-ambos, afirmamos que a parceria militar russo - norte-coreana teria uma grande probabilidade de acontecer pelas análises que apresentamos no artigo, e que contribuiria para deixar o mundo mais instável e menos seguro, ainda mais quando os atuais líderes desejam se manter no poder, são autoritários e têm comportamentos imprevisíveis.


Nesse cenário, no início de janeiro de 2024, a Coreia do Norte fez disparos de artilharia ao redor da ilha Yeonpyeong, que fica próxima a uma área disputadaa entre as Coreias, conforme podemos ver no mapa:


Figura disponível em https://s.wsj.net/public/resources/images/WO-AG638_NKOREA_G_20110810190325.jpg

Afora os disparos, Kim Jong-un declarou a Coreia do Sul como o principal inimigo da Coreia do Norte, bem como dissolveu as agências de cooperação e afirmou que a reunificação pacífica, que era um objetivo político, está fora de questão. o que acirrou a tensão política entre os governos coreanos.

Outrossim, ele foi incisivo em sua fala de que uma guerra entre as Coreias não está descartada, caso a soberania norte-coreana seja violada. Assim, depreende-se que a Coreia do Norte, como descartou todos os mecanismos de negociação e de resolução de conflitos entre as partes, não tem a intenção de evitar uma Guerra, caso ela seja deflagrada.

Recentemente, o governo norte-coreano realizou testes com drones nucleares subaquáticos e com mísseis balísticos e de cruzeiro com capacidade de transportar ogivas nucleares. Tal atitude, em nossa opinião, tem a clara intenção de mostrar a sua capacidade militar aos EUA e aos seus aliados na região - Coreia do Sul e Japão, bem como demonstrar força perante a sua população.

Portanto, podemos inferir que Kim Jong-un, propositalmente, iniciou uma crise militar tanto com a Coreia do Sul quanto com os EUA. Convém mencionar que a Coreia do Sul afirmou que adotará medidas duras em resposta as provocações, o que aumenta o risco de conflito, pois o atual presidente sul-coreano possui um perfil mais assertivo que o anterior.

Dessa forma, um erro no nível tático pelas forças armadas da Coreia do Sul ou dos EUA poderá deflagrar um conflito com consequências imprevisíveis.

Assim sendo, os movimentos de Kim Jong-un têm levado a divisão de opiniões entre vários analistas, pois enquanto uns afirmam que uma guerra é eminente, outros alegam que poderá ocorrer um conflito de pequena intensidade, enquanto alguns dizem que seria uma manobra geopolítica com o intuito de negociar alguma medida em seu favor.

É digno de nota, que não por coincidência, a postura mais agressiva de Kim Jong-un acontece no ano da eleição presidencial dos EUA e do legislativo sul-coreano.

O Blog é de opinião que o regime norte-coreano tem muito a perder caso ocorra uma guerra, pois é alta a probabilidade de Kim Jong-un ser retirado do poder, com isso é remota a chance de eclodir um conflito de alta intensidade de uma hora para outra.

Outrossim, a possibilidade de ocorrer um conflito de pequena intensidade entre as Coreias é maior, em que um cessar fogo seria rapidamente negociado e se manteria o status quo na península coreana.

Nesse sentido, os cenários descritos acima dependem muito das posturas sul-coreana e estadunidense, e que estão relacionadas com as eleições previstas para 2024.

Entretanto, acreditamos que é mais provável que a Coreia do Norte continue com o seu modus operandi de trazer instabilidade com o intuito de atingir algum objetivo geopolítico e geoestratégico.

Qual a sua opinião?

Seguem alguns vídeos para auxiliar na nossa análise:

Matéria de 19/01/2024:

Matéria de 16/01/2024:

Matéria de 16/01/2024:

Matéria de 05/01/2024:

Matéria de 17/01/2024:

Matéria de 31/04/2024:



bottom of page