Seria a Venezuela um novo Iraque?
- Alexandre Tito Xavier

- há 4 minutos
- 11 min de leitura
Introdução
A Venezuela atravessa uma encruzilhada crítica em termos políticos, sociais, econômicos e estratégicos. O governo de Nicolás Maduro enfrenta sanções externas, declínio estrutural da produção de petróleo, profunda crise migratória, atuação de atores criminais e paramilitares em partes do território, e uma projeção de atores internacionais com objetivos geopolíticos que se chocam com os estadunidenses em seu solo.
Paralelamente, os EUA intensificaram a pressão sobre Caracas — por meio de sanções, operações de inteligência, presença naval no Caribe e uso da retórica da “guerra ao crime / terrorismo” para enquadrar a Venezuela como ameaça hemisférica. Em tal quadro, cabe perguntar: se Maduro for removido ou o regime desmoronar sem um plano de transição cuidadoso, a Venezuela corre o risco de transformar-se num cenário semelhante ao pós-invasão do Iraque em 2003? Ou seja: colapso estatal, guerra civil, fragmentação territorial e intervenção estrangeira.
Assim, este artigo se propõe a responder essa questão, sistematicamente: (1) analisando a natureza da crise EUA-Venezuela; (2) detalhando os atores internos críticos — organizações criminosas transnacionais, milícias, forças armadas, grupos guerrilheiros; (3) examinando os principais atores externos que têm interesse na manutenção de Maduro; (4) avaliando a hipótese de “novo Iraque”; (5) discutindo os impactos para a América do Sul e, em especial, para o Brasil.
Para tanto nos baseamos nos seguintes artigos do Blog, que recomendamos a leitura e que podem ser acessados em:
https://www.atitoxavier.com/post/o-problema-venezuelano-parte-iii-ditadura-escancarada;
https://www.atitoxavier.com/post/colectivos-venezuelanos-as-milícias-chavistas;
https://www.atitoxavier.com/post/tensão-e-conflito-na-região-fronteiriça-entre-venezuela-e-colômbia;
https://www.atitoxavier.com/post/o-problema-venezuelano-parte-ii-o-estreitamento-de-laços-com-o-irã;
https://www.atitoxavier.com/post/o-problema-venezuelano-e-os-seus-impactos-e-impasses-geopolíticos;
A problemática entre os EUA e a Venezuela: naturezas e motivações
A contestação entre EUA e Venezuela reúne várias frentes simultâneas:
Segurança hemisférica e narcotráfico
Os EUA identificam a Venezuela como território de trânsito ou origem de narcóticos, contrabando e potenciada presença de organizações criminosas com impacto transnacional. A inclusão de algumas dessas redes na lista de “terroristas” pelos EUA é sintomática de uma mudança de moldura: o crime organizado passa a integrar a lógica antiterrorista. Por exemplo, a facção venezuelana Tren de Aragua (TdA) foi designada pelos EUA como “foreign terrorist organization”.
Essa mudança de enquadramento tem implicações diretas sobre a soberania venezuelana, bem como sobre a margem de manobra dos EUA, que se afiguram mais dispostos a usar instrumentos coercitivos mais robustos.
Aspecto geoeconômico e energético
A Venezuela, embora em declínio produtivo, dispõe de uma das maiores reservas provadas de petróleo do mundo. A dependência de Caracas de exportações de hidrocarbonetos torna-se setor-chave para interesses externos. Para os EUA, recuperar influência no setor energético venezuelano é parte de sua estratégia de contenção da esfera russa-chinesa-iraniana no hemisfério ocidental.
Intervenção e mudança de regime
A postura estadunidense já considera o regime Maduro como ilegítimo e criminoso. Há relatos de atividade da agência de inteligência estadunidense (CIA) autorizada a agir em solo venezuelano. Essa combinação — sanções, pressão de segurança, discurso de “mudança de regime” — aumenta a probabilidade de escalada militar ou híbrida.
Entretanto, cabe observar que os EUA enfrentam limitações logísticas e políticas para uma intervenção convencional prolongada: o Caribe oferece desafios de logística, ambiente político adverso e risco elevado de proliferação de custos. Ainda assim, o risco de uma ação de escala menor — como ataques de precisão e uso de forças especiais — é real.
Criminalização e segurança jurídica
As recentes expansões da doutrina antiterrorista — conforme discutido no artigo “A influência das ORCRIM nos Estados da América Latina – Parte III: A Expansão da Doutrina Antiterrorista” — revelam que os EUA (e aliados) tendem a incluir organizações criminosas sofisticadas no arcabouço antiterrorista, o que abre caminho para intervenções com menor controle político e jurídico. Isso torna o ambiente venezuelano mais volátil. A combinação de crime organizado, fraqueza estatal e pressão externa cria um ambiente de “letalização” da política venezuelana, com risco de decisões abruptas e mal planejadas.
Em resumo: o duelo EUA-Venezuela não é apenas diplomático; é híbrido, multidimensional, envolvendo narcotráfico, terrorismo, mudança de regime, disputa energética e contestação de influência global. Nesse ambiente, o risco de colapso interno venezuelano, em caso de retirada súbita de Maduro, torna-se muito maior.
Atores internos venezuelanos e o risco de colapso/desintegração
Para avaliar a probabilidade de que a Venezuela se transforme num “novo Iraque”, é crucial mapear os atores internos que poderiam desencadear ou potencializar tal desintegração.
Organizações criminosas transnacionais
As organizações criminosas venezuelanas assumem cada vez mais um perfil transnacional. O artigo “A influência das ORCRIM nos Estados da América Latina – Parte II: Ameaça Transnacional do Trem de Aragua” expõe como essa ORCRIM evoluiu de facção carcerária para “mega facção” transnacional, com células no Brasil (Roraima, Amazonas), Peru, Colômbia e outros países.
A importância disso é dupla: por um lado, demonstra que a criminalidade venezuelana já opera além das fronteiras, o que significa que o vácuo estatal venezuelano repercute externamente; por outro, mostra que essas organizações têm capacidade de ocupar e controlar território, arrecadar recursos e criar redes de logística, exatamente características de atores de poder alternativo ao Estado central.
Num cenário de colapso venezuelano, a proliferação dessas facções poderia acelerar a fragmentação territorial — cada facção controlando “zonas livres” de fato, competindo entre si e com o poder central.
“Colectivos” e milícias do regime
O regime Maduro mobilizou como parte de seu arcabouço de poder os chamados “colectivos” — milícias ideologicamente alinhadas ao chavismo, com armamento e autonomia operacional, que atuam fora do comando formal das Forças Armadas. Estes grupos representam um poder paralelo e territorializado, com presença em zonas urbanas e rurais.
Na hipótese de retirada de Maduro, esses "colectivos" podem emergir como forças de oposição armada ao novo poder, ou como atores que rivalizam com facções criminosas e com setores militares dissidentes — gerando um conflito multifragmentado. A capacidade dessas milícias para desestabilizar a ordem pública já está presente e não se limita a operações episódicas.
Forças Armadas e instituições frágeis
As Forças Armadas venezuelanas ou Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (FANB) permanecem um pilar do regime, mas também são parte de sua vulnerabilidade: corporação que detém privilégios, mas que está sob estresse econômico, logístico e moral. Em uma transição abrupta, pode haver cisão interna: facções leais a Maduro vs. facções oportunistas; deserções; alianças com crime organizado ou milícias.
Caso a cadeia de comando se rompa, ou se torne dúbia, a FANB poderá fragmentar-se geograficamente, o que aumenta o risco de “guerras das elites” – fato que remete ao padrão vista no Iraque, em que as forças de segurança dissolvidas deram lugar a milícias e redes armadas diversas.
Grupos guerrilheiros e irregulares transfronteiriços
A Venezuela abriga — ou permite zonas de atuação de — organizações guerrilheiras/transfronteiriças, como a ELN (Exército de Libertação Nacional) colombiano, que operam em áreas de fronteira pouco controladas. Esse fator amplia o risco de zonas de “terra de ninguém”, onde o Estado não exerce controle, fomentando o surgimento de “miniguerras” regionais.
Em um cenário de colapso institucional, essas zonas podem se expandir rapidamente, como ocorreu em outros países com situações de fragilidade, e servir de base para narcotráfico, mineração ilegal, terrorismo e tráfico humano.
A convergência dos vetores de fragilidade
Quando se combinam: (i) organizações criminosas transnacionais com articulação e recursos; (ii) milícias paramilitares regime-ligadas; (iii) Forças Armadas em risco de fragmentação; (iv) zonas de fronteira com atores irregulares; então criam-se condições objetivas para uma desintegração institucional acelerada.
Convém mencionar que o artigo sobre a expansão da doutrina antiterrorista (Parte III) mostra que esse tipo de cenário não é apenas interno à Venezuela — ele se encaixa numa narrativa internacional em que o crime organizado e a insurgência se entrelaçam e que podem justificar intervenção ou ação externa mais agressiva. Dessa forma, a estrutura interna venezuelana torna-se ainda mais vulnerável a choques exógenos.
Atores externos que apoiam o governo Maduro: motivações e atuação
A presença e o interesse de potências externas na América do Sul, em preservar ou minimizar o colapso da Venezuela, configuram outro eixo essencial desta análise.
China
A China tem investido no setor energético venezuelano, concedido créditos e firmado acordos com a estatal venezuelana de petróleo. Mesmo diante do declínio produtivo, Pequim considera a Venezuela uma peça no seu projeto geopolítico de diversificação de parceiros e ampliação de influência na América Latina. Uma desintegração venezuelana desordenada poderia afetar os interesses chineses de maneira significativa: perdas financeiras, instabilidade hemisférica, precedente regional. Logo, a China tem motivação para favorecer ou mediar uma transição ordenada.
Rússia
A Rússia atua como parceiro militar e diplomático de Maduro: venda de armamentos, consultoria, cooperação energética e presença clandestina. Moscou vê na Venezuela um “outpost” antiamericano no hemisfério, o que torna sua queda súbita indesejada. Além disso, a Rússia tem capacidade de apoiar logisticamente a regime ou facções pró-regime, o que torna qualquer mudança mais arriscada e potencialmente mais violenta.
Cuba
Cuba possui histórico de cooperação com Caracas, especialmente nos setores de inteligência, segurança interna e assessoria política. Para Havana, a manutenção de Maduro sustenta o modelo de alianças regionais que o regime chavista promoveu, bem como acesso a recursos e influência. Em uma transição mal conduzida, Cuba poderia assumir um papel de mediador ou de “Estado satélite” de facções pró-Maduro.
Irã
O Irã tem buscado fomentar um eixo de influência antiestadunidense que se estende à América Latina; a Venezuela é peça-chave dessa engrenagem. Em caso de vacância de poder em Caracas, há risco de que Teerã amplie seus vínculos clandestinos via tráfico, fornecimento de armas ou apoio a milícias, o que aumentaria a complexidade do conflito venezuelano. Logo, o Irã também prefere um panorama de continuidade ou de mudança controlada.
Significado estratégico do envolvimento externo
O fato de haver uma forte rede de atores externos alinhada com Maduro — China, Rússia, Cuba, Irã — implica que a remoção abrupta do regime pode gerar uma “reação de guerra fria regional”. Qualquer intervenção unilateral pelos EUA deverá, portanto, levar em conta essas alianças e o risco de escalada. Para além disso, a interferência destes atores reduz a previsibilidade do cenário e aumenta o risco de conflito por procuração.
Portanto, a dinâmica de equilíbrio externo–interno — a atuação dos atores internos venezuelanos num momento de crise e a intervenção ou mediação destes atores externos — será decisiva para definir se a Venezuela seguirá rumo a um caos maior ou se existirá margem para transição.
Cenário: a queda de Maduro sem planejamento — a hipótese de “novo Iraque”
O paralelo com o Iraque pós-2003
Quando os EUA invadiram o Iraque em 2003 e derrubaram Saddam Hussein, o país experimentou: dissolução abrupta do exército, vácuo de autoridade central, ascensão de milícias sectárias, insurgência extremista (como o Estado Islâmico), fragmentação territorial, intervenção de atores regionais (Irã, Turquia, Síria) e uma devastação econômica e social prolongada. Esse panorama tornou-se referência para o “risco de desintegração estatal”.
A hipótese aqui é: a Venezuela poderia seguir trilha semelhante se o regime Maduro for removido sem planejamento.
Semelhanças significativas
Estado fragilizado: a Venezuela já exibe declínio na produção de petróleo, instituições em colapso, inflação galopante, migração em massa e erosão dos controles estatais.
Atores armados numerosos: milícias chavistas, facções criminosas transnacionais, Forças Armadas com interesses particulares, grupos guerrilheiros transfronteiriços — todos presentes já no cenário venezuelano.
Recursos naturais disputados: as reservas petrolíferas, minerais e áreas de mineração ilegal podem tornar-se objetos de disputa entre atores internos e externos.
Pressão externa e rivalidades geopolíticas: a presença de China, Rússia, Irã, Cuba, e a influência dos EUA tornam o terreno venezuelano altamente contestado.
Dessa forma, podemos ver que esses elementos revelam que a Venezuela reúne muitos dos “ingredientes de colapso” que caracterizaram o Iraque.
Fatores de distinção — e limitação do paralelo
No entanto, há diferenças que não devem ser negligenciadas:
A Venezuela carece de uma divisão sectária como a xiita/sunita do Iraque; as lealdades são mais políticas/ideológicas ou criminosas, o que muda o formato do conflito.
O regime venezuelano ainda detém parte da infraestrutura estatal, controle territorial parcial e recursos — não estamos em situação de esfacelamento total ainda.
A diversidade de atores externos pode atuar como moderadora — se bem articulados, podem facilitar uma transição.
A geografia, embora vasta, é menos hostil ou fragmentada que a iraquiana pós-guerra, o que pode facilitar uma reconsolidação.
Logo, o cenário de “novo Iraque” não é inevitável, mas é uma possibilidade real se a transição for mal conduzida.
Caminho lógico de colapso
Caso o governo de Maduro caia sem processo de transição estruturado, sem plano de sucessão político-militar, sem logística de segurança e sem articulação internacional. O caminho previsível poderia ser:
Vácuo de autoridade central imediato ou gradual.
Facções criminosas e milícias assumem controle local ou regional, disputando entre si e com o poder central interino.
Forças Armadas fragmentadas, desertores, grupos retirados ou capturados por milícias.
Zonas fronteiriças e de mineração tornam-se zonas de conflito e “não governo” (mineração ilegal, tráfico, guerrilha).
Atores externos — China, Rússia, Irã, Cuba — tentam preservar ou incrementar influência, enquanto os EUA (e potências regionais) veem oportunidade para intervenção ou mudança de regime. Resulta em conflito por procuração.
Economia entra em colapso acelerado, migração em massa se intensifica, crise humanitária se espalha, o tecido social se fragmenta.
A Venezuela torna-se palco de guerra civil multifragmentada, com múltiplos centros de poder, igual ao que ocorreu no Iraque, ainda que com formato latino-americano.
Assim, se essa trajetória se concretizar, as consequências serão de longo prazo e muito elevadas em termos humanos, institucionais e geopolíticos.
Possibilidade de transição ordenada
Por outro lado, existe um caminho de mitigação: se houver (a) pacto interno entre elites políticas, militares e civis para transição; (b) articulação internacional e regional (inclusive com China, Rússia, Irã, Cuba) para estabilização; (c) missão de estabilização ou assistência multilateral; (d) reforço institucional (FANB, judiciário, polícia); (e) controle sobre milícias e organizações criminosas; então a Venezuela pode evitar o pior cenário.
Logo: o resultado — caos ou transição — dependerá menos da queda de Maduro em si e mais de como essa queda for gerida.
Possíveis desdobramentos regionais e impactos para a América do Sul e o Brasil
Impactos para a América do Sul
Migração massiva: Um colapso venezuelano desordenado precipitaria fluxos migratórios muito superiores aos registrados até agora, pressionando vizinhos como Colômbia, Brasil, Peru, Equador.
Criminalidade transnacional ampliada: Facções venezuelanas transnacionais como o Tren de Aragua podem expandir atuação, cooperar com organizações locais e criar redes de tráfico, lavagem, controle de fronteiras. Isso infecta a segurança regional.
Instabilidade fronteiriça: Zonas de fronteira (Colômbia-Venezuela, Brasil-Venezuela) podem virar campos de conflito ou de atuação de milícias, dificultando cooperação regional de segurança.
Disputa de influência externa: A presença de atores como China, Rússia, Irã e Cuba significa que a instabilidade venezuelana pode se converter num novo palco de rivalidade entre potências — com consequências para a soberania regional.
Precedente de intervenção e desgaste institucional: Qualquer ação dos EUA ou de coalizões na Venezuela pode servir de precedente para futura intervenção na América Latina, o que gera tensões com a doutrina de não intervenção e com organismos regionais (como a Organização dos Estados Americanos).
Economia regional: O colapso venezuelano significa menos comércio, maior pressão de refúgio, impacto nas cadeias logísticas regionais, custos humanos elevados que terão de ser absorvidos pelos países vizinhos.
Impactos específicos para o Brasil
O estado de Roraima (e, em menor grau, Amazonas) já enfrenta forte pressão migratória. Um aumento abrupto dos fluxos venezuelanos agravaria a crise local de acolhimento, saúde, educação, segurança pública.
A penetração de organizações criminosas venezuelanas transnacionais no Norte brasileiro representa risco direto: rotas de tráfico, cooperação com facções brasileiras, controle informal de fronteiras. O texto da Parte II mostra que o Tren de Aragua já opera no Brasil.
A soberania do Norte brasileiro — Amazônia Legal, fronteiras extensas, infraestrutura precária — poderá ser ameaçada caso existam “zonas de sombra” em Roraima ou estados vizinhos às operações venezuelanas criminosas.
Diplomaticamente, o Brasil poderá ser chamado a mediador ou ator involuntário na crise venezuelana. Isso exige recursos e planejamento estratégico. Se falhar, pode sofrer desgaste político internacional.
Em termos de segurança, o Brasil deverá expandir cooperação bilateral com a Colômbia e a Venezuela, reforçar inteligência de fronteira e policiamento integrado. A falta desse preparo poderá implicar em vulnerabilidade grave.
Economicamente, o Brasil poderá absorver migração, mas também arcar com custos sociais de integração e potencial escalada de criminalidade. A instabilidade venezuelana perturbaria fluxos econômicos e logísticos no Norte, e possivelmente no Sudeste.
Conclusão
A análise demonstra que a Venezuela se encontra numa situação de risco elevado. A possibilidade de que ela se transforme num “novo Iraque” — com colapso institucional, guerra civil multifragmentada e intervenção externa — é real, embora não inevitável.
O fator decisivo reside no planejamento e na articulação: se a transição do regime Maduro for conduzida de forma improvável, desordenada ou unilateral, o resultado mais provável será caos total. Por outro lado, se houver pactuação interna, coordenação internacional, participação dos atores externos relevantes e mitigação das forças criminosas/milicianas, o país poderá evitar o cenário mais grave.
Para a América do Sul e para o Brasil, a crise venezuelana não é um problema alheio: é um problema estratégico. A instabilidade de Caracas reverbera imediatamente nas fronteiras brasileiras, nas cadeias criminais, no fluxo migratório e na segurança regional.
O Brasil, se quiser exercer liderança e proteger seus interesses, não pode agir como mero espectador.
Portanto, a Venezuela pode se tornar um novo Iraque. Mas se a queda de Maduro for bem planejada, com participação de todos os vetores internos e externos, existe uma janela de oportunidade para uma transição menos traumática. A questão central, portanto, não é apenas “o que vai acontecer”, mas como vai acontecer. A resposta estratégica a essa pergunta definirá o rumo da Venezuela e da América do Sul para os próximos anos.
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Seguem alguns vídeos para auxiliar a nossa análise:
Matéria de 23/10/2025:
Matéria de 27/10/2025:




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