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Os EUA e os desafios atuais para manter a hegemonia global.


Figura disponível em: https://bloximages.newyork1.vip.townnews.com/newsadvance.com/content/tncms/assets/v3/editorial/6/59/65914cca-a868-5a07-8d85-ffd4fd5961d2/5b38ca8f277b8.image.jpg?resize=869%2C813

Os EUA em sua política externa sempre privilegiou estabelecer alianças para manter a sua hegemonia global, independente dos partidos que estavam no poder (Democratas ou Republicanos), e do sistema de governo dos países considerados aliados (ditadura, democracia, etc), desde que os seus interesses estivessem sendo atendidos, bem como sempre liderou os fóruns multilaterais. Era o principal financiador das alianças militares e dos organismos mundiais. Com isso, era o protagonista global e o mundo sempre esperava e contava com a liderança desse país. Após a queda do muro de Berlim, com o consequente fim da União Soviética, torna-se a potência hegemônica durante um tempo, e vivemos a "pax americana", até que novos competidores começam a surgir.

Com o advento da "guerra ao terror", suas forças armadas começam a serem empregadas em larga escala na "guerra assimétrica" (principalmente as suas forças especiais), e por um período os EUA se descuidam da "guerra clássica", o que permitiu que os novos competidores pudessem melhorar e desenvolver bastante as suas forças armadas, sem muito alarde, no intuito de tentar a se equipararem ao poderio militar norte-americano, notadamente China e Rússia.

Podemos verificar isso ao analisarmos a US Navy, principal fonte de projeção de poder militar dos EUA, que apesar de continuar sendo a marinha mais poderosa do mundo não detém mais o Comando do Mar.

Para o leitor, podemos resumir esse conceito da seguinte forma: para se ter o Comando do Mar devemos pensar que são necessários atender a dois requisitos: deterrência (demonstra ao adversário que possui capacidade logística e operacional para fazer frente a qualquer ameaça em qualquer lugar no mundo), e controle local do mar (capacidade de meios e bases para controlar e regular o acesso a uma determinada área do globo). A combinação desses fatores permite que o Estado possa assegurar o seu comércio marítimo e dos seus meios navais sem serem bloqueados ou ameaçados em qualquer lugar.

No mundo de hoje, o controle local do mar pelos EUA não é mais assegurado de forma plena, devido ao desenvolvimento de novos armamentos pelos seus principais adversários, como os mísseis hipersônicos russos e os navios e misseis chineses super capazes que colocam os meios navais estadunidenses ameaçados; e a necessidade de se dispor grande número de meios navais ao redor do mundo com o intuito de proteger os aliados e de manter as linhas de comunicações marítimas (LCM) abertas. Além disso, não podemos esquecer da constante ameaça iraniana no estreito de Ormuz.

Neste cenário naval, apresento-lhes uma teoria que desenvolvi durante o período em servi na US Navy, e que foi confirmado pelo descrito acima. A marinha norte-americana se desloca da linha do Equador para cima, pois é aonde os EUA possuem seus grandes problemas (hot spots), não vindo para o hemisfério sul (por enquanto), o que é bom para o Brasil (não há problemas aparentes no Atlântico Sul). Isso é justificado, devido aos seguintes motivos: possuem navios extremamente caros; muitas tarefas a serem cumpridas para manter abertas as LCM; necessidade de projetar poder militar; e fazer frente as ameaças globais. Sendo assim, o orçamento de defesa norte-americano não permite que os seus meios navais sejam empregados em locais cuja relação custo/benefício seja alto.

Com a chegada de Trump ao poder, a política externa muda e várias alianças são enfraquecidas, os EUA começam a perder o protagonismo nos fóruns mundiais, dando maior espaço para os adversários, e o país ficou extremamente polarizado em sua política interna dificultando a unidade nacional. Aliado a isso, a pandemia do coronavírus abalará a economia norte-americana, e já está atingindo o orçamento militar que implicará numa maior aproximação dos competidores em termos tecnológicos militares. Ademais, a queda do preço do petróleo, devido a retração das economias mundiais por causa da pandemia, queda de braço entre Arábia Saudita e Rússia pela regulação do preço do barril, e o crescimento das fontes de energias alternativas, faz com que a produção de shale gas, que fazia com que o EUA diminuísse a sua dependência do petróleo, seja um mau negócio, ocasionando nova fragilidade. Convém mencionar que a guerra comercial e a disputa tecnológica 5G, ambas com a China, que poderão impactar economicamente o país e dividir mais o mundo.

Dessa forma, as eleições norte-americanas se tornarão um evento muito importante a ser acompanhado. As futuras decisões daquele país serão fundamentais para que ele possa manter ou recuperar a hegemonia global, e com isso analisarmos se continuaremos sem um líder com capacidade para estabilizar o mundo ou se uma nova potência global irá emergir.

Seguem alguns vídeos para nos ajudar em nossas análises (legendas podem ser inseridas):



O que você acha? Uma mudança da política norte-americana pode mudar o quadro apresentado ou estão no caminho certo?

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