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O futuro governo da Colômbia e a atual tendência ideológica da América do Sul.


Figura disponível em: https://images.wsj.net/im-560407?width=540&size=1.5

A Colômbia no dia 19 de junho elegeu o seu novo Presidente, Gustavo Francisco Petro Urrego, numa votação acirrada, em que venceu com 50,47% dos votos, sendo a primeira vez que esse país terá um governo de esquerda. Convém mencionar que, no passado, Petro foi guerrilheiro do grupo colombiano Movimento 19 de Abril - M-19, bem como Prefeito de Bogotá, Vereador e Senador, além de ter sido candidato a presidência em outras duas oportunidades.

Dessa forma, a vitória de Petro ratifica a nossa análise de dois anos atrás, realizada por meio do artigo, de 25 de novembro de 2020, "O novo governo boliviano e o retorno do socialismo - indicador de tendência para a América do Sul?", disponível em https://www.atitoxavier.com/post/a-eleição-peruana-e-o-retorno-da-esquerda-na-américa-do-sul, onde falamos que vimos mudanças de governo, da esquerda para a direita, como: ex-governo de Macri na Argentina (terminou no final de 2019), governo de Sebastián Piñera no Chile, governo de Jair Bolsonaro no Brasil, o ex-governo provisório na Bolívia (terminou em novembro de 2020), dentre outros. Tais mudanças foram o resultado da frustração das populações sul-americanas com os seus governos de esquerda que realizaram gestões populistas e com alto grau de corrupção, causando um grande descontentamento e desencanto com os discursos socialistas, ocasionando uma polarização política e ideológica em vários países. Além disso, afirmamos, no artigo, que a onda de direita começava a sinalizar uma perda do fôlego entre os nossos países vizinhos, conforme pudemos observar pelas vitórias do atual presidente Argentino, Alberto Fernández no final de 2019, e que acolheu Evo Morales como exilado, e de Luis Arce na Bolívia. Tais fatos poderiam ser considerados como indicadores de uma tendência do retorno da esquerda ao poder na América do Sul. Nesse cenário, era esperado que houvesse uma maior aproximação dos governos chinês e iraniano, e quiçá russo, como já está ocorrendo com a Venezuela e a Argentina, e agora possivelmente com a Bolívia.

Além disso, a análise acima foi sendo ratificada ao longo do tempo pelos nossos artigos:

- A eleição peruana e o retorno da esquerda na América do Sul, acessível em https://www.atitoxavier.com/post/a-eleição-peruana-e-o-retorno-da-esquerda-na-américa-do-sul ; e

- O futuro incerto do Chile - Parte II, que pode ser lido em https://www.atitoxavier.com/post/o-futuro-incerto-do-chile-parte-ii .

Nesse sentido, com o resultado colombiano, a América do Sul, por enquanto, tem 4 países com ideologia de Direita / Centro - Direita: Brasil, Equador, Paraguai e Uruguai, com os demais apresentando ideologia de Esquerda / Centro - Esquerda, conforme podemos ver abaixo, na figura que representa o atual mapa ideológico da América Latina:

Figura disponível em: https://pbs.twimg.com/media/FVp5QThWIAgOJIA.jpg

Entretanto, ao analisarmos os atuais governos de esquerda sul-americanos, vemos que possuem diferenças entre si, onde podemos citar o Chile e o futuro governo da Colômbia representando uma versão de esquerda mais moderada, e descolada da visão de mundo anacrônica do período da Guerra Fria, como por exemplo a Venezuela. Como consequência eles reprovam o Chavismo, conforme declarações públicas feitas por Boric e Petro, em que pese serem favoráveis a retomada do diálogo com Maduro.

Um dos possíveis motivos do retorno da esquerda, como ideologia majoritária, é em grande parte devido ao aumento da desigualdade social, em que as populações mais pobres foram fortemente afetadas pela pandemia da COVID-19, com o aumento do desemprego, alta inflacionária e a fome, tendo como consequência o desejo de melhores condições de vida. Logo, os discursos dos partidos de esquerda estão mais sintonizados com a minimização dessas mazelas, cativando as pessoas mais pobres e as minorias. Outrossim, nas últimas eleições percebeu-se o descontentamento popular com os partidos tradicionais e que estão há mais tempo no poder, assim, os novos líderes da esquerda moderada se apresentam como uma possível transformação em busca de igualdade social.

Será interessante acompanhar como será o relacionamento político entre os EUA e a Colômbia, pois dentre os países da América do Sul, este era o mais próximo dos estadunidenses, sendo o seu principal aliado, muito devido ao Plano Colômbia. Nesse sentido, caso haja algum distanciamento político entre eles poderá ser uma oportunidade para a China se aproximar da Colômbia, aumentando a sua influência na América do Sul. Cabe ressaltar, que o poder militar colombiano conta com a grande ajuda estadunidense, tanto na parte profissional, quanto de material.

Em relação a Venezuela, mesmo que o Chavismo tenha perdido o seu protagonismo na América do Sul, a ascensão dos governos de esquerda apresenta um certo alívio político para Maduro, em nossa opinião, diminuindo a pressão sobre o seu governo.

Uma outra questão que devemos, da mesma forma, acompanhar atentamente é no tocante ao relacionamento do governo eleito com os grupos narcoterroristas colombianos, como a ELN, que também usam a mineração ilegal, impactando no nosso território amazônico, como analisamos no artigo escrito em 04 de junho de 2021, "A Mineração Ilegal na Amazônia e a ameaça a soberania: disputas entre ELN/FARC e ORCRIM brasileiras", disponível em https://www.atitoxavier.com/post/a-mineração-ilegal-na-amazônia-e-a-ameaça-a-soberania-disputas-entre-eln-farc-e-orcrim-brasileiras, e que recomendamos a leitura.

Nesse cenário, o próximo país a encarar eleição presidencial é o Brasil, e resta saber se o nosso país acompanhará a atual tendência ideológica sul-americana.

Qual a sua opinião?

Seguem alguns vídeos para a nossa análise:

Matéria de 20/06/2022:

Matéria de 19/06/2022:

Matéria de 20/06/2022:

Matéria de 20/06/2022:

Matéria de 20/06/2022:

Matéria de 21/06/2022:

Matéria de 20/06/2022:



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