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A Aliança Estratégica Sino- Russa e a Nova Ordem Mundial.


Figura disponível em: https://img.i-scmp.com/cdn-cgi/image/fit=contain,width=1098,format=auto/sites/default/files/styles/1200x800/public/d8/images/canvas/2021/03/25/c584756e-9ebe-43d3-8134-59d2157dcbc7_b3d237fd.jpg?itok=1u2xxvk6&v=1616663442

O mundo está vivenciando a Competição entre as Grandes Potências representadas pelas China, EUA e Rússia, e com isso o Blog a vem acompanhando, desde 2020, por meio dos seus artigos, e que podem ser encontrados nas Seções China, EUA e Rússia. Além disso, temos afirmado que nos encontramos num mundo menos seguro e mais imprevisível, bem como a Ordem Mundial está em transição.

Outrossim, também em nossas análises constantes em nossos artigos, afirmamos que o mundo está sem uma força que promova a estabilidade, ou seja, sem uma liderança geopolítica mundial. Assim, isso é um dos motivos que justificam a escalada armamentista do Século XXI e que tem permitido o surgimento de várias tensões no cenário internacional.

Nesse sentido, a aproximação estratégica entre os chineses e os russos, que tem ficado mais próxima desde 2014, foi objeto de análise em 2021, por meio do nosso artigo "China e Rússia: cada vez mais parceiros contra os adversários comuns" de 16 de dezembro de 2021, disponível em https://www.atitoxavier.com/post/china-e-rússia-cada-vez-mais-parceiros-contra-os-adversários-comuns, em que na visão do Blog a aliança estratégica sino-russa é uma parceria de conveniência e temporária para fazer frente ao mundo ocidental, representado pelos EUA e os seus aliados europeus, pois como é uma aliança "entre iguais", diferentemente da OTAN, será muito difícil manter a harmonia entre esses governos que possuem grandes ambições geopolíticas, e que em certo momento haverá um choque de interesses, ainda mais quando existem certas reservas de ambas as partes, devido a questões do Século XX. Além disso, ao analisarmos a potencialidade dessa aliança pela simples observação das características geográficas, populacionais, militares e tecnológicas, veremos claramente que, se for superada a desconfiança que ainda existe entre eles, será uma força monumental, e que os EUA e os seus aliados teriam muita dificuldade para fazer frente, ainda mais se houvesse uma invasão concomitante à Ucrânia e à Taiwan. Outrossim, confirma-se a Eurásia como o palco das principais tensões e disputas mundiais do Século XXI. Na visão do Blog, a consolidação da aliança sino-russa moldará a Nova Ordem Mundial que está em formação.

Em que pese essa parceria estratégica, existem alguns pontos que deverão ser aprofundados entre chineses e russos, sendo um deles a venda de armas para Estados rivais:

- Rússia é o maior exportador de armas para a China, bem como para alguns dos seus principais rivais no Indo-Pacífico, como a Índia e o Vietnã; e

- China é um dos três maiores fornecedores de armamentos para a Ucrânia, representando quase 36% do total adquirido por esse país.

No dia 04 de fevereiro, os líderes da China e da Rússia realizaram um pronunciamento conjunto por meio do documento "Joint Statement of the Russian Federation and the People’s Republic of China on the International Relations Entering a New Era and the Global Sustainable Development", disponível no link http://en.kremlin.ru/supplement/5770, que corrobora boa parte da nossa análise citada acima.

Dessa forma, destacamos os principais trechos do pronunciamento que serão objeto de reflexão por este artigo:


"[...] Some actors representing but the minority on the international scale continue to advocate unilateral approaches to addressing international issues and resort to force; they interfere in the internal affairs of other states, infringing their legitimate rights and interests, and incite contradictions, differences and confrontation, thus hampering the development and progress of mankind, against the opposition from the international community. [...] Certain States' attempts to impose their own ”democratic standards“ on other countries, to monopolize the right to assess the level of compliance with democratic criteria, to draw dividing lines based on the grounds of ideology, including by establishing exclusive blocs and alliances of convenience, prove to be nothing but flouting of democracy and go against the spirit and true values of democracy. Such attempts at hegemony pose serious threats to global and regional peace and stability and undermine the stability of the world order.[...] The sides are seeking to advance their work to link the development plans for the Eurasian Economic Union and the Belt and Road Initiative with a view to intensifying practical cooperation between the EAEU and China in various areas and promoting greater interconnectedness between the Asia Pacific and Eurasian regions. The sides reaffirm their focus on building the Greater Eurasian Partnership in parallel and in coordination with the Belt and Road construction to foster the development of regional associations as well as bilateral and multilateral integration processes for the benefit of the peoples on the Eurasian continent. The sides agreed to continue consistently intensifying practical cooperation for the sustainable development of the Arctic. [...] The sides emphasize that ascertaining the origin of the new coronavirus infection is a matter of science. Research on this topic must be based on global knowledge, and that requires cooperation among scientists from all over the world. The sides oppose politicization of this issue. The Russian side welcomes the work carried out jointly by China and WHO to identify the source of the new coronavirus infection and supports the China – WHO joint report on the matter. The sides call on the global community to jointly promote a serious scientific approach to the study of the coronavirus origin. [...] The sides are gravely concerned about serious international security challenges and believe that the fates of all nations are interconnected. No State can or should ensure its own security separately from the security of the rest of the world and at the expense of the security of other States. The international community should actively engage in global governance to ensure universal, comprehensive, indivisible and lasting security. The sides reaffirm their strong mutual support for the protection of their core interests, state sovereignty and territorial integrity, and oppose interference by external forces in their internal affairs. The Russian side reaffirms its support for the One-China principle, confirms that Taiwan is an inalienable part of China, and opposes any forms of independence of Taiwan. Russia and China stand against attempts by external forces to undermine security and stability in their common adjacent regions, intend to counter interference by outside forces in the internal affairs of sovereign countries under any pretext, oppose colour revolutions, and will increase cooperation in the aforementioned areas. [...] The sides believe that certain States, military and political alliances and coalitions seek to obtain, directly or indirectly, unilateral military advantages to the detriment of the security of others, including by employing unfair competition practices, intensify geopolitical rivalry, fuel antagonism and confrontation, and seriously undermine the international security order and global strategic stability. The sides oppose further enlargement of NATO and call on the North Atlantic Alliance to abandon its ideologized cold war approaches, to respect the sovereignty, security and interests of other countries, the diversity of their civilizational, cultural and historical backgrounds, and to exercise a fair and objective attitude towards the peaceful development of other States. The sides stand against the formation of closed bloc structures and opposing camps in the Asia-Pacific region and remain highly vigilant about the negative impact of the United States' Indo-Pacific strategy on peace and stability in the region. Russia and China have made consistent efforts to build an equitable, open and inclusive security system in the Asia-Pacific Region (APR) that is not directed against third countries and that promotes peace, stability and prosperity." (grifo nosso)


Ao lermos atentamente o comunicado, e principalmente os trechos que destacamos para o leitor, veremos que trata-se de uma mensagem ao mundo ocidental, representado pelos EUA e seus aliados europeus, devemos incluir também a Austrália e o Japão, bem como reafirma os objetivos geopolíticos da China e da Rússia.

Dessa forma, observa-se que:

- não será aceitada a interferência ocidental nas áreas de influência sino-russa, em que é exemplificada pela questão de Taiwan e pelo expansionismo da OTAN na Europa, sendo uma das causas da problemática ucraniana. Ademais, consideram o ocidente como fator de desestabilização geopolítica mundial;

- reforça a ideia que as intenções e manobras geopolíticas ocidentais fazem parte da estratégia para manter a sua preponderância no mundo, e que com isso não serão mais toleradas;

- rebate a Guerra de Informação iniciada pelos EUA, apoiados pelos ocidentais, sobre a origem da COVID-19;

- ratifica o interesse sino-russo no Ártico; e

- que a China e a Rússia são as forças estabilizadoras da região da Ásia-Pacífico.

Nesse sentido, a China e a Rússia demonstram a intenção de serem a nova liderança mundial.

Convém mencionar que esse pronunciamento conjunto sino-russo mantém a coerência dos discursos de seus líderes referente a passagem de ano, e que foram analisadas pelo Blog no artigo "Análise das mensagens de Ano Novo dos três principais líderes mundiais", acessível em https://www.atitoxavier.com/post/análise-das-mensagens-de-ano-novo-dos-três-principais-líderes-mundiais.

Nesse cenário, o Blog é de opinião que esse pronunciamento conjunto tem por objetivo inaugurar uma Nova Ordem Mundial, ratificando a nossa análise de 16 de dezembro de 2021, mencionada no início dessa matéria.

Na figura, de 2012, abaixo podemos ter uma noção de como o mundo está ficando dividido, e com isso é esperado vermos um acirramento crescente na disputa por influência e mercados, que já está impactando na América Latina e África. Na figura entende-se a cor azul representando os EUA, OTAN, União Europeia e aliados, e a cor vermelha simbolizando a China, Rússia e os aliados desses países:

Figura disponível em: https://static.wikia.nocookie.net/totalwar-ar/images/7/72/Cold_War_II.png/revision/latest/scale-to-width-down/1000?cb=20201009195242

Podemos ver, também, que a figura está um pouco desatualizada, pois a América do Sul possui alguns Estados em azul que já estão em migração para o rosa e o vermelho, como a Argentina, Peru, Chile, Uruguai e Suriname. Ademais, na Ásia houve um crescimento das cores rosa e vermelha com o Afeganistão

Dessa forma, devemos acompanhar com atenção o desdobramento da reação ocidental, que vem sendo desafiada pelo novo eixo de poder.

Nesse contexto, é importante o nosso país se posicionar de forma pragmática, pois com certeza será alvo de pressão geopolítica.

Qual a sua opinião? O nosso país está preparado para a Nova Ordem Mundial?

Seguem alguns vídeos para ajudar em nossas análises:

Matéria de 04/02/2022:

Matéria de 04/02/2022:

Matéria de 04/02/2022:

Matéria de 04/02/2022:

Matéria de 04/02/2022:

Matéria de 04/02/2022:


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