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China e Rússia: cada vez mais parceiros contra os adversários comuns.


Figura disponível em: https://www.lowyinstitute.org/sites/default/files/cropped%20putin%20xi-min.jpg

Ao longos dos últimos anos, principalmente a partir de 2014, observa-se uma maior aproximação entre os chineses e os russos, seja no tocante a realização de exercícios militares bilaterais, a exemplo dos recentes exercícios navais nas proximidades das águas jurisdicionais japonesas, ou combinados com outros países, como o Irã, seja na parte econômica com o comércio crescendo a cada ano, que chegou a cerca de 113 bilhões de dólares. Existe a perspectiva do comércio entre eles chegar a 200 bilhões de dólares em futuro próximo, o que será um grande alívio para os russos, sendo que a China é o seu principal parceiro econômico.

Além disso, verifica-se, também, uma grande proximidade na questão geopolítica, em que os dois países estão sempre votando alinhados no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Convém mencionar, que tanto a Rússia não condena ou comenta negativamente a problemática chinesa envolvendo Taiwan ou a repressão em Hong Kong, bem como a China não comenta a questão ucraniana ou a perseguição do governo russo aos seus opositores.

Dessa forma, vemos que os dois países possuem problemas comuns e que isso leva-os a uma maior aproximação, que é potencializada pelas sanções econômicas ocidentais que são lideradas pelos EUA, bem como as reprimendas políticas dos EUA e dos seus aliados no tocante aos Direitos Humanos, acusações de ataques cibernéticos e da falta de democracia. As percepções chinesa e russa é que existe um grupo anti-china, e que também se manifesta como russófobo.

É digno de nota que apesar dessa maior parceria e aproximação geopolítica, existe, ainda, um certo grau de desconfiança entre eles, devido as questões do passado, notadamente após a II Guerra Mundial (China e a ex-União Soviética), onde quase ocorreu um conflito no final da década de 1960.

Ambos os Estados prestam, em certa medida, apoio aos governos que sofrem sanções estadunidenses, como a Venezuela e o Irã, bem como não possuem problemas com a Coreia do Norte.

O Blog vem acompanhando essa aproximação sino-russa por meio dos seus artigos, onde destacamos:

- "Ameaça as democracias ocidentais: onda que vem do Oriente", disponível em https://www.atitoxavier.com/post/ameaça-as-democracias-ocidentais-onda-que-vem-do-oriente ; e

- "Ártico: palco de novas disputas geopolíticas, como no passado", disponível em https://www.atitoxavier.com/post/ártico-palco-de-novas-disputas-geopolíticas-como-no-passado.

É interessante pontuar que, além do citado acima, estamos vivendo numa era de competição entre as Grandes Potências, como os EUA, China e a Rússia, em que temos presenciado a expulsão de diplomatas russos dos EUA e de seus aliados, sob várias alegações, como espionagem e assassinato de dissidentes russos, tendo a mesma resposta, e o fechamento de representação da OTAN na Rússia, bem como a expulsão de alguns diplomatas chineses dos EUA, acusados de espionagem, com a consequente contrapartida.

Nesse cenário, em 15 de dezembro deste ano após a última reunião do G7, houve uma reunião virtual entre os líderes chinês e russo, Xi Jinping e Putin, onde reafirmaram a importância do aprofundamento da parceria estratégica entre os seus países. Ademais destacam-se os seguintes pontos de concordância:

- a necessidade de se defender contra o ocidente, que deve ser entendido como sendo os EUA e os países europeus aliados. Um fato interessante e que cabe nota é que, em 23 de novembro, Moscou e Pequim concordaram em ampliar a cooperação militar para o período de 2021 - 2025, com o propósito de fazer frente aos seus adversários ocidentais;

Figura disponível em: https://www.the-sun.com/news/4148553/russia-china-alliance-military/#

- críticas a expansão militar ocidental no Indo-Pacífico, e nisso estão contidas as novas alianças militares como a AUKUS e o QUAD; e

- que a postura agressiva ocidental na Europa oriental traz instabilidade para a região e afeta a segurança russa, sendo encarado como um desafio geopolítico a Moscou.

Assim, é nítido o entendimento de que esses países, que possuem regimes autocráticos, irão se apoiar contra as ameaças e investidas ocidentais para conter os respectivos expansionismos.

Ao analisarmos a potencialidade dessa aliança pela simples observação das características geográficas, populacionais, militares e tecnológicas, veremos claramente que, se for superada a desconfiança que ainda existe entre eles, será uma força monumental, e que os EUA e os seus aliados teriam muita dificuldade para fazer frente, ainda mais se houvesse uma invasão concomitante à Ucrânia e à Taiwan.

Os dois países têm se complementado, pois possuem necessidades estratégicas que podem ser atendidas pelo outro, em que a Rússia é o principal fornecedor de armamentos e o segundo exportador de derivados de petróleo para a China, e no futuro os russos serão cada vez mais fundamentais no fornecimento de gás para os chineses, por meio do gasoduto Power of Siberia (entrou em operação em 2019) entre eles.

O mercado chinês de gás para os russos poderá transformar o mercado europeu em secundário, e com isso a Europa ocidental poderá ficar em maus lençóis, caso a Rússia diminua o fornecimento em detrimento dos chineses. Existe a intenção de construção de um novo gasoduto Power of Siberia 2 entre a Rússia e a China.

Figura disponível em: https://www.aspistrategist.org.au/wp-content/uploads/2020/06/map_sila_sib_p6-2020_eng-e1593131514261.png

O Blog é de opinião que essa a aliança sino-russa é uma parceria de conveniência e temporária para fazer frente ao mundo ocidental, representado pelos EUA e os seus aliados europeus, pois como é uma aliança "entre iguais", diferentemente da OTAN, será muito difícil manter a harmonia entre governos com grandes ambições geopolíticas, e que em certo momento haverá um choque de interesses, ainda mais quando existem certas reservas de ambas as partes, devido a questões do Século XX. Outrossim, confirma-se a Eurásia como o palco das principais tensões e disputas mundiais do Século XXI.

Na visão do Blog, a consolidação da aliança sino-russa moldará a Nova Ordem Mundial que está em formação.

Nesse contexto, o Blog acredita que mais uma vez o Brasil terá a oportunidade de ser um Centro de Poder no Hemisfério Sul, notadamente na região do Atlântico Sul, pois o foco das grandes potências estará na Eurásia. Qual a sua opinião?

Seguem alguns vídeos para nos ajudar em nossas análises:

Matéria de 15/12/2021:

Matéria de 16/12/2021:

Matéria de 15/06/2021:

Matéria de 15/12/2021:

Matéria de 19/10/2021:

Matéria de 15/12/2021:

Matéria de 14/09/2018:



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