Parada Militar Chinesa: Dissuasão, Demonstração de Superioridade Tecnológica e a Influência Crescente no Sul Global.
- Alexandre Tito Xavier
- há 3 minutos
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Introdução
A recente parada militar chinesa, realizada em 03 de setembro com grande pompa em Pequim, foi mais que um espetáculo patriótico: foi uma declaração estratégica. Mostrou armamentos de alta tecnologia, contou com a presença do presidente russo e do líder norte-coreano — e carrega em seu cerne uma constatação significativa: o desempenho comparativo favorável dos sistemas militares chineses frente a tecnologias ocidentais, reforçado por episódios como o encontro entre J-10C e Rafales durante a crise da Caxemira, em maio de 2025.
Assim, este artigo explora esse evento em três vetores centrais:
A modernização militar chinesa, agora realmente competitiva;
A dimensão simbólica e dissuasória, inserida em uma coordenação eurasiana que desafia democracias ocidentais;
O uso estratégico de propaganda militar para ampliar influência no Sul Global.
Avaliando esse movimento à luz da abordagem dos nossos artigos: "Ameaça as democracias ocidentais: onda que vem do Oriente", disponível em https://www.atitoxavier.com/post/ameaça-as-democracias-ocidentais-onda-que-vem-do-oriente e "Problemática da Caxemira: tensão diária - Parte II: a crise Índia-Paquistão em Maio de 2025: Uma Análise Geopolítica e Estratégica", acessível em https://www.atitoxavier.com/post/problemática-da-caxemira-tensão-diária-parte-ii-a-crise-índia-paquistão-em-maio-de-2025-uma-aná — tanto em sua análise da Caxemira quanto no alerta sobre a “onda que vem do Oriente” — percebemos que essa parada é parte de um arranjo geopolítico fluido, capaz de moldar percepções, alianças e preferências estratégicas no ambiente multipolar contemporâneo.
1. Modernização Militar: Da defasagem à competitividade tecnológica
A parada expôs sistemas diversos — dos mísseis hipersônicos aos caças de quinta geração e drones avançados — consolidando os avanços chineses em inteligência artificial, cibernética e tecnologias emergentes. Confrontos reais como o da Caxemira, no qual o caça J-10C conseguiu abater ou danificar um Rafale indiano, mostram que a China não só alcançou o porte estratégico como apresenta eficácia real diante do armamento ocidental.
Essa comprovação opera como catalisador de legitimidade: a China agora sustenta credenciais concretas que justificam sua ambição de protagonismo.
2. Dissuasão e alianças simbólicas: um eixo autoritário contra democracias ocidentais
2.1. A "onda eurasiana" e a estratégia do triângulo geopolítico
Como alertado por nós no artigo "Ameaça as democracias ocidentais: onda que vem do Oriente", a Eurásia desponta como nova fonte de poder, composta por Rússia, China e Coreia do Norte, com o Irã ampliando essa base de influência, compondo uma rede com ambições globais. A parada militar encenou essa convergência, sinalizando ao mundo que existe um bloco coeso, capaz de confrontar — não apenas os EUA, mas todas as democracias ocidentais.
2.2. Dissuadir e desafiar: o simbolismo além do armamento
Exibir capacidades militares de classe mundial serve não só à dissuasão, mas comunica uma “resposta estruturada” ao Ocidente. A parada sugere que qualquer esforço de contenção terá que enfrentar uma rede de regimes alinhados e preparados, o que constitui uma alternativa sistêmica ao modelo democrático-liberal.
2.3. A disputa pela percepção no Sul Global
Enfatizamos que as democracias ocidentais devem mudar seu enfoque em relação ao Hemisfério Sul, que é alvo privilegiado das estratégias eurasianas. Esse espectro geopolítico, com território vulnerável a influências múltiplas, tornou-se campo de competição ideológica e tecnológica. A parada militar, neste contexto, funciona como propaganda poderosa: armamento eficaz, aliado à narrativa de modernidade, acaba por seduzir países que buscam autonomia e custo-benefício em suas escolhas de defesa.
3. Propaganda militar voltada ao Sul Global: armamento como moeda diplomática
3.1. Vitrine de capacidades com apelo comercial
A parada foi desenhada pensando também no mercado: sistemas exportáveis, acompanhados de pacotes de transferência tecnológica e financiamento, oferecem à China vantagem competitiva. Ao apresentar evidências de eficácia, como o desempenho dos J-10C, Pequim alicerça sua narrativa de superioridade e confiabilidade.
3.2. Armamento como elo de dependência e influência
Fornecer tecnologias militares cria sistemas logísticos, parcerias e obrigações duradouras. Esses laços transcendem o aspecto econômico e se moldam como vetores de influência política, sendo potentes instrumentos de diplomacia militar e ideológica.
4. Paralelos analíticos com a Caxemira e a nossa lógica geopolítica
Observamos, em nossos estudos sobre a Caxemira, que histórico militar não é solo frio — é carregado de narrativa. A dissuasão militar é forma de expressar intenções políticas, consolidar prestígio e conter decisões adversárias. A parada chinesa segue essa linha: é ato performativo, mas com substrato técnico, político e diplomático.
Assim, o evento é uma peça estratégica que une:
avanço tecnológico comprovado;
redes de poder autocrático consolidando-se como alternativa sistêmica ao Ocidente;
propaganda direcionada a países que veem nesses regimes opções palpáveis de parceria.
5. Implicações para o equilíbrio global e os sistemas democráticos
Para os EUA e aliados, a parada é claro sinal de que o monopólio militar ocidental está em xeque. Mais cooperação e investimento em defesa e inovação são urgentes.
Para a Europa, o evento sugere que sua autonomia estratégica deve acelerar, diante da emergência de um polo eurasiano coeso.
Para o Sul Global, a dupla realidade se apresenta: por um lado, China oferece tecnologia e custo; por outro, entram em jogo dependência política e dilemas de alinhamento moral.
Para a China e seus aliados, essa parada não foi auto comemoração. Foi manifesto: seu poder é real, sua rede influencia, e sua ambição global é clara.
Conclusão
A parada militar chinesa ultrapassou o espetáculo. Ela foi manifesto estratégico que reuniu tecnologia, alianças e discurso. O desempenho comparativo dos armamentos diante de sistemas ocidentais, a construção simbólica de um eixo eurasiano e a disputa pelas percepções e mercados no Hemisfério Sul revelam uma operação geopolítica sofisticada, com profundo impacto sobre o sistema internacional.
Como indicado pelo Blog em nossas análises, essas estratégias não nascem apenas para proteger — nascem para competir em todas as frentes: militar, ideológica e diplomaticamente. A China exibe: não é coadjuvante, mas protagonista deliberada em uma nova era multipolar.
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Seguem alguns vídeos para auxiliar a nossa análise:
Matéria de 05/09/2025:
Matéria de 05/09/2025:
Matéria de 03/09/2025:
Matéria de :03/09/2025:
Matéria de 04/09/2025: