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Pirataria no Golfo da Guiné: aumento da militarização no entorno estratégico brasileiro. II parte


Figura disponível em: https://www.marineinsight.com/wp-content/uploads/2013/12/anti-piracy-measures-1280x720.jpg

Achamos interessante e importante continuarmos a abordagem do tema sobre a pirataria na região do Golfo da Guiné, devido aos seguintes motivos:

  • trata-se de área situada no Entorno Estratégico Brasileiro;

  • importância da produção de petróleo dessa região para o Brasil, pois possui grande qualidade (Light Sweet Crude Oil, mais fácil e mais barato para refinar comparativamente ao petróleo do Oriente Médio), e a Nigéria é um dos países onde importamos boa parte desse produto;

  • incremento do valor do frete marítimo para o transporte do petróleo proveniente dessa região, devido a insegurança da área, pois as companhias de navegação pagarão por um seguro maior, além de contratação de empresas privadas de segurança para os navios, em alguns casos;

  • o interesse brasileiro de não haver um aumento da militarização no Atlântico Sul, e nem a instalação de bases militares de grandes potências na África Ocidental;

  • a tensão no Estreito de Ormuz entre os EUA e o Irã, com a sempre possibilidade de conflito podendo impactar no escoamento do petróleo pelo Golfo Pérsico, torna a região do Golfo da Guiné estratégica, não só para o Brasil, mas também para os EUA e a Europa, devido a maior proximidade desses mercados;

  • necessidade da Europa em diminuir a dependência do petróleo e gás russos;

  • oportunidade para o Brasil ser o principal ator na solução do problema da pirataria nessa região de interesse geopolítico brasileiro, o que poderá contribuir para a projeção do nosso país como potência regional no Atlântico Sul.

Na última postagem sobre o tema intitulada: Pirataria no Golfo da Guiné: aumento da militarização no entorno estratégico brasileiro, acessível em https://www.atitoxavier.com/post/pirataria-no-golfo-da-guiné-aumento-da-militarização-no-entorno-estratégico-brasileiro afirmamos:

Neste cenário, poderemos ter a criação de uma Força-Tarefa multinacional para combater a pirataria e outros crimes na região do Golfo da Guiné, a exemplo do que ocorreu no Golfo de Áden, mas a certeza é que haverá o aumento da militarização na região, com a implementação de possíveis bases de potências estrangeiras na África Ocidental.O blog também acredita que após a pandemia, as atividades ilícitas poderão aumentar na região, pois deverá haver um incremento da pobreza na área, aumentando a insegurança marítima.

Desde 2011 o Conselho de Segurança das Nações Unidas vem discutindo a urgência em erradicar a pirataria e os crimes armados no Golfo da Guiné (https://nacoesunidas.org/conselho-de-seguranca-da-onu-estimula-combate-a-pirataria-no-golfo-da-guine/) , mas apesar dos países da região estarem tentando se organizar para o combate a esses ilícitos, lhes faltam melhor capacidade de coordenação, adestramentos, meios adequados e logística apropriada. Além disso, a pirataria na região tem estimulado o contrabando de armas e drogas que acabam financiando os grupos criminosos da área, especialmente os do Delta do Níger que são os mais agressivos.

A grande diferença do combate a pirataria ocorrido no Golfo de Áden para o Golfo da Guiné, é que a Somália era um "Estado Falido", e no Golfo da Guiné isso não acontece, apesar dos problemas de corrupção dentre outros, pois existe uma tentativa de combate ao problema pelos países da região por meio de suas polícias, forças armadas e justiça, com alguns casos de sucesso. Os exemplos do esforço dos países da região para mitigar o problema são: Estratégia Marítima Integrada de África 2050 e o Código de Conduta de Yaoundé.

No cenário de competição entre as grandes potências atuais, instabilidades no Oriente Médio e no Indo-Pacífico, a diversificação de fontes de energia fóssil ganha mais relevância no palco internacional, e nesse contexto é importante para os grandes países consumidores o Golfo da Guiné tem papel de destaque devido a proximidade dos mercados e pelas reservas de petróleo e gás, não sendo interessante insegurança nessa região.

O Brasil, por meio de sua Marinha, possui experiência em Comando de Força-Tarefa Multinacional (FTM) com ótimos resultados (FTM - UNIFIL), e que aliado aos seus objetivos geopolíticos, e ao bom relacionamento com as nações africanas da costa ocidental, o credencia para pleitear o Comando de uma futura e possível FTM para o Golfo da Guiné.

O Blog vê como outros potenciais candidatos a serem protagonistas na região os seguintes países: Portugal, EUA, China, Índia e França por seus objetivos geopolíticos.

Sugerimos a releitura das postagens: Nigéria e sua importância geopolítica (https://www.atitoxavier.com/post/nigéria-e-sua-importância-geopolítica ) e África, palco de disputas geopolíticas (https://www.atitoxavier.com/post/áfrica-palco-de-disputas-geopolíticas ).

Seguem alguns vídeos sobre o tema:

Os dois vídeos a seguir demonstram que o assunto vem sendo debatido nas Nações Unidas desde 2011:

Este vídeo demonstra o modus operandi dos piratas do Delta do Níger:

Qual a sua análise sobre o tema?

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