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Nicarágua: nova ditadura da América Latina.


Figura disponível em: https://www.hrw.org/sites/default/files/media_2021/06/062021americas_nicaragua_valeska.jpg

A Nicarágua vem passando, desde 2018, por uma grave instabilidade política com a realização de vários protestos populares contra o atual governo de esquerda de Daniel Ortega. Aliado a isso, o país sofre com uma crise econômica que foi potencializada pela pandemia da COVID-19 e pelos furacões Eta e Iota.

Em 2018 foram marcantes as manifestações que exigiam a queda de Ortega, e que envolveram o país em uma das maiores ondas de violência dos últimos 40 anos, onde alguns analistas as comparam com as ocorridas durante o movimento sandinista de 1979, que lutou para depor a ditadura da dinastia dos Somoza. Essas manifestações tiveram como origem a intenção do governo de Manágua em regulamentar uma mudança previdenciária, que aumentava a tributação dos trabalhadores e empresários.

Dessa forma, o governo reagiu com força, realizando uma repressão desproporcional, o que ocasionou a morte de cerca de 300 civis, mas algumas fontes relatam serem cerca de 500. Nessa repressão, houve a participação de grupos paramilitares simpatizantes ao governo. Ademais, houve prisões de lideranças e de manifestantes contra Ortega.

Em que pese o recuo da decisão do governo, os protestos continuaram pelo país até os dias de hoje.

Convém mencionar que Ortega ocupa o governo desde 2007, governou o país também entre 1985 e 1990, conseguiu a aprovação para que a reeleição para a presidência do país seja indeterminada, aumentou o controle e o comando das forças armadas nicaraguenses, colocou alguns membros de sua família no governo, e instituiu as leis abaixo, com o intuito de conter e ameaçar a oposição ao seu governo, bem como controlar a imprensa independente:

  • Lei de Crimes Cibernéticos ou popularmente conhecida como Lei da Mordaça: versa sobre a pena de prisão para aqueles que promulgarem notícias consideradas falsas pelo governo;

  • Lei de Regulação de Agentes Estrangeiros, conhecida popularmente como Lei Putin, em consonância com a que Vladimir Putin instituiu em 2012 na Rússia: ela pode confiscar os bens, bem como criminalizar qualquer pessoa que seja considerada pelo governo como agente operando em nome de Estados ou Organismos Estrangeiros. Para tanto, qualquer pessoa ou organização que receba pagamento ou verba do exterior tem que se registrar no Ministério do Interior e abdicar de participação política;

  • Lei 1055, também conhecida popularmente como Lei da Guilhotina: permite acusar a qualquer nacional nicaraguense como traidor da pátria.

É importante mostrar que o atual governo expulsou, em 2018, a missão da ONU sobre os Direitos Humanos - DH e vem sofrendo acusações de violação desses direitos pela Alta Comissária dos Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet.

Nesse sentido, vários nicaraguenses têm procurado exílio em outros países, notadamente a Costa Rica.

Figura disponível em Google Maps

Recentemente, com base em algumas das leis citadas acima, o governo vem reprimindo a mídia imparcial e realizou a prisão dos oposicionistas e principais candidatos a disputa presidencial, que ocorrerá em novembro deste ano.

Dessa forma, caso o governo continue no poder e mantenha a forma de agir, não haverá candidatos relevantes que possam disputar as eleições para presidente, o que levará a Ortega a sua quarta e consecutiva vitória nas eleições.

Figura disponível em: https://s.yimg.com/ny/api/res/1.2/_Nd0.9_D3TDmZuwcTqbxng--/YXBwaWQ9aGlnaGxhbmRlcjt3PTk2MDtoPTQ1Mi41/https://s.yimg.com/uu/api/res/1.2/CqUSn7x.2CMWDbPT.RLs6A--~B/aD0zNjI7dz03Njg7YXBwaWQ9eXRhY2h5b24-/https://media.zenfs.com/pt/afp.com.br/a6edd0b27ee2b6d055a30dcef2209ec4

Daniel Ortega enviou uma mensagem clara aos nicaraguenses: no país centro-americano ninguém é intocável e qualquer um pode ser investigado e preso se o regime o considerar uma ameaça aos seus interesses. O último detido é Luis Rivas Anduray, presidente executivo do Banco de la Producción (Banpro), o principal da Nicarágua, com presença na América Central, Caribe e Equador. (Fonte: https://brasil.elpais.com/internacional/2021-06-17/daniel-ortega-investe-contra-os-empresarios-em-sua-estrategia-de-repressao-a-oposicao-na-nicaragua.html)

Nesse sentido, vários analistas têm considerado que a Nicarágua está sob uma ditadura de esquerda, a exemplo de outros países latino-americanos. Sendo assim, os EUA e alguns países europeus vêm aplicando sanções a familiares de Ortega e a alguns altos funcionários do governo nicaraguense, com o intuito de pressionar o governo a realizar eleições livres e a cessar os atos de perseguição política.

Ao vermos a situação da Nicarágua, podemos verificar uma certa semelhança com as atitudes chavistas do Regime de Maduro, como:

eliminar ou enfraquecer partidos políticos de oposição, acabar com a autonomia do Judiciário e com a liberdade de imprensa, agem contra qualquer expressão de nacionalidade, exceto a aprovada pelo governo, alegam que lutam para manter a soberania do país contra o "imperialismo", e levam a economia do país ao caos. Para tanto, ficam na dependência econômica de países simpatizantes com a sua forma de governar.

Recomendamos a leitura do livro de Robert Service, chamado Camaradas - Uma História do Comunismo Mundial.

Dessa forma, podemos ver um paradoxo comum em alguns países da América Latina, como Cuba e Venezuela, onde líderes revolucionários de esquerda, que lutaram em prol da liberdade e de causas sociais, sucumbem ao gosto pelo poder, e com isso tentam se perpetuar nele a qualquer custo, transformando seus governos em ditaduras, que antes reprovavam.

Atualmente o governo de Ortega conta com o apoio da Venezuela, Cuba, Argentina e Bolívia. Com a chegada de Castillo ao poder no Peru, é previsto receber o apoio desse país. Além desses, como esperado, recebe, também, o apoio da China e, principalmente, da Rússia.

O Blog é de opinião de que o atual governo da Nicarágua, de Daniel Ortega, transformou esse país em uma ditadura de esquerda, e que é esperado uma aproximação cada vez maior com os países de ideologia de esquerda na América do Sul, e será uma oportunidade geopolítica para a China, Rússia, e talvez o Irã, para desafiar e causar apreensões nos EUA.

Infelizmente, a problemática nicaraguense não tem sido muito debatida no cenário internacional, bem como em nosso país.

Qual a sua opinião?

Seguem alguns vídeos para a sua análise:

Matéria de 21/06/2021:

Matéria de 17/06/2021:

Matéria de 19/06/2021:

Matéria de 23/06/2021:

Matéria de 23/06/2021:

Matéria de 23/06/2021:

Matéria de 09/06/2021:

Matéria de 24/06/2021:

Matéria de 25/07/2018:

Matéria de 13/09/2018:

Matéria de 05/09/2018:


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