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Os Houthis e sua influência na geopolítica do Oriente Médio. São um proxy do Irã?


Figura disponível em: https://www.economist.com/sites/default/files/images/print-edition/20200418_MAM944.png

O Iémen está passando por uma guerra civil desde 2015, onde muitos analistas chamam de guerra esquecida, que colapsou o país e o transformou num Estado falido. Além disso, tem sido palco de disputa geopolítica (guerra fria) entre a Arábia Saudita e o Irã, visando a supremacia do mundo islâmico.

Nesse contexto, destacam-se os Houthis, que são a maioria no norte montanhoso do Iémen, e que por serem da corrente do zaidismo, uma dissidência do xiismo, possuem uma ligação religiosa com o Irã. Por isso, são considerados uma ameaça aos seus vizinhos sunitas, especialmente a Arábia Saudita.

O nome Houthi é originado do seu líder Husayn al-Huthi que foi assassinado pelo exército iemenita em 2004, dando origem ao movimento político-religioso Ansar Allah, sendo os seus integrantes autodenominados Houthis em homenagem ao seu lider.

Dessa forma, após a Primavera Árabe, em 2011, o governo foi deposto e o grupo conseguiu controlar boa parte da região norte, tendo sucesso na luta contra grupos fundamentalistas sunitas. Com isso, inicia-se o caos no país, com o sul com aspirações sunitas separatistas, e o norte xiita sendo atacado por forças sauditas e iemenitas, resultando na guerra civil em 2015 até os dias atuais.

O país possui localização estratégica, devido a importante rota marítima do Mar Vermelho, que possibilita a passagem do Mar Mediterrâneo para o Oceano Índico, ou seja, a ligação da Europa com a Ásia. Sendo assim, podemos ver na figura abaixo o quanto o Iémen é importante para a segurança dessa linha de comunicação marítima, e que poderá ser muito preocupante para o cenário internacional, caso uma das seguintes situações aconteçam:

  • guerra civil extrapolando para um conflito regionalizado;

  • governo controlado pelo Irã. O que poderá replicar a situação vivenciada no Estreito de Ormuz;

  • país sem governo e dividido por grupos fundamentalistas, sendo um Estado falido, onde a violência irá prosperar, tendo como resultado ataques piratas provenientes do lado iemenita. Convém lembrar a problemática dos ataques piratas somalis.

Figura disponível em: https://conhecimentocientifico.r7.com/wp-content/uploads/2019/10/mar-vermelho-formacao-biodiversidade-marinha-e-atividade-economica-6.jpg

Neste cenário, é formada uma coalizão entre Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, onde os EUA são o principal mercado de armas e munições, contra o avanço dos Houthis para o sul, por meio de bloqueio marítimo e com intensos bombardeios, inclusive de instalações civis. Suspeita-se que a coalização apoie os grupos sunitas iemenitas no conflito, inclusive com a participação da Al-Qaeda e parcela do Estado Islâmico. Do outro lado, existem suspeitas que o Irã seja o provedor do apoio logístico aos Houthis, em que pese a negação desse grupo, pois alegam que durante as suas conquistas territoriais, conseguiram acesso aos armamentos do exército iemenita.

Apesar da negativa dos Houthis e do Irã sobre a aliança militar, várias fontes e investigações informam que são verdadeiros tais informes, inclusive a presença de integrantes do Hezbollah no apoio ao lado xiita. Sendo assim, os Houthis seriam o proxy (intermediário/aliado) iraniano na região, e o controle do país seria uma ameaça aos países da região e uma vantagem estratégica num possível controle das principais rotas dos petroleiros.

O conflito extrapolou as fronteiras do Iémen, onde vários ataques foram realizados ao território saudita, bem como a navios dos EUA pelos Houthis, por meio de lançamentos de drones e mísseis.

Figura disponível em: https://www.ecfr.eu/page/-/Yemen_Houti_Control19-02-01.jpg?v=1562075129272

Verificamos que a guerra de informação pelo controle da narrativa do conflito tem sido intensa com os sauditas realizando intensa propaganda com o intuito de demonizar o movimento zaidista, e estes fazendo o mesmo procedimento.

Nesse diapasão, o Blog conclui que os Houthis seriam um movimento análogo ao Hezbollah, e caso consigam controlar o Iémen será uma vitória iraniana, aumentando a sua área de influência, além de cumprir um dos seus objetivos estratégicos referente ao Arco Xiita, sugiro a releitura da postagem O Arco Xiita, desejo geopolítico do Irã, e os impactos no Oriente Médio, disponível em: https://www.atitoxavier.com/post/o-arco-xiita-desejo-geopolítico-do-irã-e-os-impactos-no-oriente-médio . Sendo assim, eles ganham importância na geopolítica do Oriente Médio.

Nos resta acompanhar essa guerra civil que atualmente é um dos maiores desastres humanitários do mundo, e que poderá escalar para um conflito regionalizado, aumentando a insegurança da navegação marítima na área.

Seguem alguns vídeos para aprofundarmos a nossa análise do tema:


Os dois vídeos a seguir expressam a versão da coalizão saudita do conflito:

Documentário completo sobre a ascensão houthi:


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