A Índia possui várias agências de inteligência responsáveis por diversos setores, como:
Defesa: Defence Intelligence Agency (DIA) / Directorate of Military Intelligence / Directorate of Air Intelligence / Directorate of Naval Intelligence / Signals Intelligence Directorate / Joint Cipher Bureau, apoia as agências militares e trabalha de forma estreita com a RAW e a IB, no tocante a inteligência de sinais (SIGINT) e criptologia;
Inteligência Externa: Research and Analysis Wing, mais conhecida como RAW;
Inteligência Interna e Contrainteligência: Intelligence Bureau (IB), é a agência de inteligência indiana mais antiga no país;
Cibernética: National Technical Research Organisation (NTRO)
Combate ao Terrorismo: National Investigation Agency (NIA);
Demais assuntos: Central Bureau of Investigation / All India Radio Monitoring Service / Central Economic Intelligence Bureau / Directorate of Revenue Intelligence / Narcotics Control Bureau, dentre outras.
Nesse post, abordaremos a RAW, devido a sua relevância para a Índia, bem como por ser reconhecida como uma agência de inteligência respeitada e competente no cenário internacional.
Essa agência, criada em 1968, coleta informações de interesse sobre assuntos militares, políticos, econômicos, científicos, contraterrorismo e de inteligência, inclusive por meio de operações sigilosas, contribuindo na condução da política externa indiana, visando o atingimento dos objetivos geopolíticos desse país. Os países de maior interesse são a China e o Paquistão, ainda mais após a aproximação desses dois Estados. Porém, existem relatos de operações em outras regiões como África, Oriente Médio e demais países asiáticos (Afeganistão, Bangladesh, Nepal etc).
Possui um orçamento secreto, e sua força de trabalho conta com milhares de pessoas entre analistas e agentes, sendo ligado diretamente ao Primeiro-ministro. Além disso, mantém um relacionamento com outras agências internacionais, como a CIA (EUA), FSB (Rússia), MI6 (Inglaterra), NDS (Afeganistão) e MOSSAD (Israel), muito devido ao programa nuclear paquistanês e seus possíveis desdobramentos no Oriente Médio.
Nos últimos anos a RAW tem ganhado destaque na mídia, em virtude de possíveis prisões de alguns de seus agentes pelo Paquistão, sendo o caso do Commander Kulbhushan Jadhav o mais divulgado, bem como a revelação do canal canadense Global News da tentativa de influenciar políticos canadenses em apoiar interesses indianos em detrimento dos paquistaneses.
Analistas possuem opiniões diversas sobre a RAW, onde existe uma parcela defendendo a agência e atribuindo a ela grandes conquistas, como a contribuição para a criação de Bangladesh, dentre outros feitos. Por outro lado, existem acusações de falhas referentes aos ataques terroristas de grupo de paquistaneses em 2008 em Mumbai.
O Brasil e a Índia possuem boas relações, vêm estabelecendo uma parceria estratégica, e possuem aspirações comuns como um assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas como membro permanente, além de participarem juntos em outros fóruns como BRICS, IBSA, G4, G20 e BASIC.
Convém mencionar que a Índia possui um programa de construção de submarinos nucleares com apoio russo, em que o seu primeiro submarino nuclear quase se tornou um evento desastroso, devido a uma possível falha humana que permitiu a entrada de água, imobilizando-o por um longo período de tempo, até o fim do reparo. É digno de nota de que o programa de desenvolvimento de submarinos nucleares da Índia é estratégico na disputa geopolítica com a China na região marítima do Indo-Pacífico.
Nesse sentido, o Programa Nuclear da Marinha (PNM), que desenvolve sozinho a propulsão do submarino nuclear brasileiro, bem como o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB) podem ser de interesse do governo indiano, e com isso ser um tema a ser acompanhado pela RAW.
O Blog é de opinião de que o PNM e o PROSUB estão sendo acompanhados pela RAW, e que devido a disputa geopolítica entre a China e a Índia, bem como a necessidade de se garantir a segurança energética do governo indiano, faz com que os países da costa ocidental da África (ENTORNO ESTRATÉGICO BRASILEIRO) sejam, também, objetivos de interesse por aquela agência.
Sugiro a releitura as seguintes postagens do Blog: "África, palco de disputas geopolíticas", "Pirataria no Golfo da Guiné: aumento da militarização no entorno estratégico brasileiro. II parte", e "Pirataria no Golfo da Guiné: aumento da militarização no entorno estratégico brasileiro. III parte". Nessas postagens analisamos a disputa geopolítica velada entre a China e a Índia que está chegando a África, bem como a importância do continente africano para o governo indiano referente a sua segurança energética.
Qual a sua opinião? A RAW possui agentes no Brasil? Temos algo que interessa para o governo indiano?
Seguem alguns vídeos para nos auxiliar nas análises:
Matéria de 29/03/2016:
Matéria de 16/08/2018:
Matéria de 15/04/2017:
Matéria de 31/10/2017:
Matéria de 07/08/2020:
Matéria de 20/09/2020:
Matéria de JUL/2020:
Matéria de 23/01/2020:
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