O Primeiro-ministro da Inglaterra Boris Jonhson anunciou, em 19 de novembro, a intenção de realizar um investimento no setor de defesa britânico com o intuito de recolocar o Reino Unido - RU como um protagonista global. O investimento proposto será da ordem de 22 bilhões de dólares para os próximos 4 anos, fazendo com que seja o quarto maior orçamento de defesa global, ficando atrás dos EUA, China e Índia, revertendo o declínio de 30 anos de cortes orçamentários constantes nesse setor.
Haverá uma especial atenção nos setores cibernético e espacial. Além disso, um dos objetivos é restaurar a sua posição como a potência naval europeia.
Apesar do partido de oposição concordar com o investimento militar, tal iniciativa vem sofrendo alguns questionamentos, devido ao cenário econômico pós-pandemia COVID-19, bem como a saída da União Europeia - UE, por meio do BREXIT, que deverá ser enfrentado pelos britânicos num futuro de curto prazo.
No cenário elencado acima, um grande desafio, e que talvez justifique um maior investimento no setor de defesa, seja no tocante as atividades econômicas no mar, em especial a da pesca, pois é provável que haja uma disputa geopolítica por essa atividade, devido a Zona Econômica Exclusiva britânica, pois com a saída da UE os tratados de pesca serão revistos, e há a possibilidade das antigas autorizações de pesca serem negadas, se não houver um consenso sobre o tema, o que seria a ruína financeira para a atividade pesqueira francesa, belga e holandesa. É digno de nota que os pescadores britânicos e franceses vêm se estranhando, a algum tempo, onde os primeiros são uns dos grupos apoiadores do BREXIT.
O governo francês vem informando que não abandonará os seus pescadores, e se recusa a aceitar qualquer alteração nos acordos de pesca, ainda mais com as eleições francesas à vista para 2022. Com isso, é esperado o endurecimento nas negociações sobre as tarifas a serem aplicadas entre o RU e UE. Alguns países da União Europeia, como a Espanha, Holanda e Dinamarca indicam que apoiarão o governo de Paris contra uma suposta revisão dos acordos de pesca por parte dos britânicos.
Convém mencionar que três quartos das lagostas e dos caranguejos marinhos pescados na Europa são originários das águas jurisdicionais britânicas.
O setor de defesa britânico defende que os investimentos em seu setor são fundamentais no período em que vivemos, pois alega que estamos num mundo mais incerto e inseguro, devido a competição entre as grandes potências, e as diversas tensões entre Estados que vêm ocorrendo, além do globo estar mergulhando numa crise financeira mundial. Tal opinião vai ao encontro das análises do Blog em alguns dos nossos artigos, e que sugerimos a releitura, como: "Escalada armamentista, parte II", disponível em: https://www.atitoxavier.com/post/escalada-armamentista-parte-ii , "Militarização do espaço: consequência da competição entre as grandes potências", acessível em: https://www.atitoxavier.com/post/militarização-do-espaço-consequência-da-competição-entre-as-grandes-potências , "A revolução 4.0 e os impactos nos setores de defesa. A corrida pela supremacia militar", disponível em: https://www.atitoxavier.com/post/a-revolução-4-0-e-os-impactos-nos-setores-de-defesa-a-corrida-pela-supremacia-militar .
Nesse sentido, é provável que o Reino Unido se aproxime ainda mais dos EUA, seu principal aliado, sendo um contraponto chinês na Europa, o que na prática já está acontecendo com o banimento da empresa Huawei, no tocante ao emprego da tecnologia 5G em solo britânico.
Ademais, apesar do BREXIT, os britânicos, com a retomada do seu poderio militar, poderão se tornar um obstáculo geopolítico ao governo francês de Emmanuel Macron em ser o protagonista europeu, conforme analisamos no nosso artigo: "França: a super potência europeia? Conseguirá ser protagonista global?", disponível em: https://www.atitoxavier.com/post/frança-a-super-potência-europeia-conseguirá-ser-protagonista-global .
O Blog é de opinião que o Reino Unido tem a intenção de deixar de ser uma potência média e voltar a ter o protagonismo geopolítico no cenário internacional do passado. Para isso, tanto o BREXIT, quanto o incremento no seu poderio militar nos leva a crer numa mudança em sua política externa, que deverá estar mais alinhada aos EUA, bem como tentará ser a potência europeia dominante, rivalizando com o projeto francês. Dessa forma, acreditamos que poderá surgir uma nova era de rivalidades entre a França e o Reino Unido.
Qual a sua opinião sobre o tema? Poderá haver algum impacto nas relações com o Brasil?
Seguem alguns vídeos para estudarmos melhor e fazermos as nossas análises:
Matéria de 19/11/2020:
Matéria de 19/11/2020:
Matéria de 06/01/2014 (o vídeo tem a intenção de dar ao leitor uma noção sobre o Reino Unido:
Matéria de 21/11/2020:
Matéria de 08/11/2020:
Matéria de 21/10/2020:
Matéria de 10/09/2020:
Matéria de 18/01/2018:
Matéria de 19/11/2020:
Matéria de 14/02/2017:
Matéria de 29/08/2018:
Matéria de 31/07/2020:
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