O mundo tem presenciado o aumento da ascensão e do protagonismo dos partidos de viés populista, especialmente os de ultradireita, no cenário internacional.
Convém mencionar que tal fenômeno não é novo e sempre é originado por eventos impactantes que afetam negativamente as sociedades, como grandes crises econômicas e sociais, descontentamento das populações com os seus sistemas políticos etc. Logo, ao verificarmos a história contemporânea, como o cenário pré II Guerra Mundial - IIGM, podemos concluir que tratam-se de acontecimentos cíclicos, ou seja, se repetem ao longo do tempo.
Nesse sentido, este artigo tentará responder a seguinte questão: "qual a relação entre a Pandemia da COVID-19 e o aumento do protagonismo movimentos de ultradireita no mundo?"
Dessa forma, nos basearemos principalmente nos nossos artigos, constantes na Seção Pandemia, que selecionamos abaixo:
A) "Será que a pandemia do coronavírus mudará a relação entre os países?", de 31 de março de 2020, disponível em https://www.atitoxavier.com/post/será-que-a-pandemia-do-coronavírus-mudará-a-relação-entre-os-países, no qual dissemos que as economias ficariam fragilizadas e que uma série crise econômica se aproximava, e que acarretaria sérios problemas internos em diversos países, como aumento do desemprego, dentre outros. Além disso, também falamos que alguns países estavam defendendo o isolacionismo e negando os fóruns multilaterais, indo em direção ao unilateralismo. Na ocasião, sugerimos que uma das possíveis soluções para se evitar o cenário apresentado seria o fortalecimento da globalização, com mais apoio as iniciativas dos órgãos da ONU e a busca por uma maior liberdade de informação;
B) "Será que a pandemia mudará a relação entre os países? 2", de 02 de abril de 2020, acessível em https://www.atitoxavier.com/post/será-que-a-pandemia-mudará-a-relação-entre-os-países-2, apresentamos alguns cenários, dentre eles destacamos:
Cenário 1: Os países ficariam mais isolados, aumentando o rigor das políticas de imigração, visando proteger os seus cidadãos de outras pandemias ou outras situações que possam ser deflagradas pela movimentação de pessoas. Alertamos que isso estava começando a ocorrer em quase todos os países, podendo ser temporário, ou se consolidando, ainda mais que alguns Estados enxergavam na globalização um mal; e
Cenário 3: China e Rússia (para preocupação da Europa) sairiam mais fortalecidas pós pandemia. Sendo que a China aumentaria o seu protagonismo mundial e encurtaria a meta de ser a potência dominante em 2050;
C) "Será que a pandemia mudará a relação entre os países? 4, de 17 de abril de 2020, que pode ser lido em https://www.atitoxavier.com/post/será-que-a-pandemia-mudará-a-relação-entre-os-países-4, dentre várias análises realizadas, destacamos:
Países que defendiam a cooperação estavam adotando políticas unilaterais, notadamente no continente europeu;
No tocante a globalização verificamos sinais de perda de força, como os ataques e crimes cibernéticos aumentando, bem como a fragilidade da economia globalizada, fazendo com que os países e empresas revissem as suas formas de ver o mundo globalizado;
Observamos o enfraquecimento da confiança entre alguns governos, e em outros casos, a perda de confiança da população em seu governante. Ademais, verificamos que os governos com liderança forte conseguiam lidar melhor com a pandemia; e
Muitos governos estavam concordando que os seus países fossem mais autossuficientes e menos dependentes dos outros;
D) "Será que a pandemia mudará a relação entre os países? 5", de 23 de abril de 2020, disponível em https://www.atitoxavier.com/post/será-que-a-pandemia-mudará-a-relação-entre-os-países-5, dissemos que o futuro nos diria se haveria união e cooperação dos governos dos países desenvolvidos pelo bem mundial, ou se veríamos o aumento do isolacionismo e nacionalismo, levando o globo num rumo desconhecido; e
E) "Será que a pandemia mudará a relação entre os países? 6", de 18 de setembro de 2020, acessível em https://www.atitoxavier.com/post/será-que-a-pandemia-mudará-a-relação-entre-os-países-6, afirmamos que se nada fosse feito pela comunidade internacional, o mundo ficaria mais incerto e menos seguro, e que, infelizmente, se perderia a oportunidade de se ter uma sociedade global mais colaborativa.
Portanto, ao lermos os resumos dos artigos acima mencionados, podemos concluir que a Pandemia da COVID-19 contribuiu para:
perda de confiança de algumas populações em seus governantes;
que os governos com liderança forte sejam considerados mais aptos a lidarem com crises;
alguns países aumentarem o rigor das suas políticas de imigração, incrementando a xenofobia;
alguns países desejarem ser mais autossuficientes e menos dependentes dos outros, aumentando o sentimento de nacionalismo e fragilizando a globalização; e
as economias de vários países ficassem fragilizadas, acarretando sérios problemas internos, como aumento do desemprego e da violência, dentre outros.
Assim, vemos o surgimento de um mundo mais egoísta e dividido, contribuindo para o aumento da insegurança e imprevisibilidade do cenário internacional.
Nesse cenário, começamos a ver que parte da população dos países, que foram bastante impactados pela Pandemia da COVID-19, notadamente pelo aumento do desemprego e da queda das condições de vida, ocorrendo os seguintes movimentos:
antissistema, pois culpava o poder político pelas suas atuais mazelas;
desaprovação às políticas para as minorias, pois começou a considerar tais grupos como privilegiados pelas "benesses" concedidas, se sentindo ignorada e excluída;
xenófobos, porque acreditava que os imigrantes estavam competindo pelo mercado de trabalho, sendo, junto com as minorias, uma das causas de suas mazelas, inclusive pelo aumento da violência; e
aprovação de líderes com viés autoritário, pois acredita em soluções simples para problemas complexos.
Com base no cenário apresentado, cabe definir o que seriam os movimentos de ultradireita, que mencionamos no início deste artigo. Conforme o professor da USP Alberto Pfeifer Filho, citado no site POLITIZE!, seriam:
"Os movimentos de extrema direita, apesar de apresentarem variações conforme regiões no mundo, possuem alguns posicionamentos comuns, como uma agenda nacionalista forte e resistência à perda de soberania do país – têm uma certa rejeição à globalização e tendências de cooperação econômica. Sua ideologia tem caráter ultraconservador, extremista e, em muitos casos, seus adeptos adotam posturas preconceituosas e xenófobas – que é o medo ou aversão ao estrangeiro." (fonte: https://www.politize.com.br/extrema-direita-o-que-e/)
Logo, concluímos que os impactos da COVID-19 fundamentaram as bases da recente onda populista, notadamente da ultradireita, que vem ganhando terreno em vários países do mundo.
Dessa forma, ao aliarmos essa conclusão com a análise dos artigo "Mundo mais imprevisível e menos seguro. Precisamos nos preocupar? Parte II", de 16 de março de 2024, disponível em https://www.atitoxavier.com/post/mundo-mais-imprevisível-e-menos-seguro-precisamos-nos-preocupar-parte-ii, que afirmamos que o Século XXI poderá ser o mais perigoso dos séculos, por toda a complexidade de mundo VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo) somado ao BANI (frágil, não linear, ansioso e incompreensível) e com a figura abaixo, que demonstra o aumento dos investimentos militares no mundo:
Podemos concluir que o mundo, como temos afirmado está mais imprevisível e menos seguro, apresenta uma grande instabilidade que poderá ocasionar uma situação de conflito de grande intensidade no cenário internacional.
O Blog é de opinião de que as análises dos artigos apresentados da nossa Seção Pandemia continuam válidas, e que estamos vivendo um momento de grande incerteza geopolítica.
Além disso, acreditamos, pelo exposto neste artigo, que a Pandemia da COVID-19 foi a catalizadora para o atual protagonismo dos partidos populistas de ultradireita no mundo.
Qual a sua opinião?
Seguem alguns vídeos para auxiliar a nossa análise:
Matéria de 13/07/2023:
Matéria de 24/05/2024:
Matéria de 06/2024:
Matéria de 2021:
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